A Liga Norte Riograndense Contra o Câncer completa 67 anos de fundação esta semana. Fundada em julho de 1949, passou de uma simples casa de recolhimento de cancerosos para se tornar o único Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) do Estado, e a grande referência em tratamento contra o câncer, tanto no aspecto quantitativo (volume de atendimento), quanto qualitativo (recursos técnicos) da região. A instituição hoje é formada por cinco unidades, sendo uma de apoio humanitário: o Centro Avançado de Oncologia (CECAN), Hospital Dr. Luiz Antônio, Policlínica, Hospital de Oncologia do Seridó (em Caicó) e a Casa de Apoio Irmã Gabriela.
Reconhecida pela democratização do acesso à oncologia de ponta, a Liga é uma Sociedade civil sem fins lucrativos, e destina cerca de 70% de seu atendimento a pacientes do SUS, como parte de sua missão de levar a melhor assistência oncológica a todos os cidadãos, independente da forma de acesso. A Instituição comemora seu aniversário com um nível de excelência raro para uma filantrópica. Mas o enfrentamento do câncer exige recursos caros em equipamentos, medicamentos e equipe técnica. O custeio é complicado e os investimentos são ainda mais difíceis.
Atualmente, a maior dificuldade da instituição é a pressão do aumento de custos sem o correspondente reajuste na receita. Só nos últimos dois anos os salários, parte principal das despesas, aumentaram na casa dos 20%. Aumentou também o número anual de procedimentos realizados em mais de 30%. Em 2015 foram detectados 4.641 novos casos de câncer. Em termos de atendimentos especializados o volume também foi bem significativo: mais de 223 mil aplicações de radioterapia, 43 mil ciclos de quimioterapia e mais de 13 mil cirurgias. Isso tudo sem falar no aumento dos medicamentos e materiais hospitalares. Já a receita está praticamente estável, haja vista que as tabelas de remuneração dos convênios, inclusive o SUS, não vêm sendo reajustadas.
Para o superintendente da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer, Dr. Roberto Sales, a situação é preocupante: “Nós temos feito todo o possível para aumentar a produtividade e conseguir absorver o aumento de custos, mas tudo tem um limite e nós já o atingimos. Se não houver um reajuste na remuneração, fatalmente teremos queda na assistência”. A inflação na área da saúde é maior do que a oficial e os convênios não sinalizam com qualquer reajuste nas tabelas. Um problema complicado, tanto quanto o combate a doença que a Liga se propõe a combater.