140 ANOS DO TREM A VAPOR QUE FEZ A GUERRA DE CANUDOS – Luiz Serra

140 ANOS DO TREM A VAPOR QUE FEZ A GUERRA DE CANUDOS –

Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco, empresa inglesa, que saía de Salvador e adentrava o sertão baiano nas décadas finais do século XIX. Por essas composições a vapor seguiram as tropas que foram combater na Guerra de Canudos, levavam até dois dias para atravessar cerca de 450 km. Na derradeira expedição uma dessas frações do Exército foi o 34º batalhão de infantaria sediado em Natal, que seguiu em abril de 1897 de navio a vapor para Recife ao encontro do contingente que seguiria ao comando do general Artur Oscar, na derradeira refrega bélica dos sertões. A lembrar que parte do batalhão potiguar era de voluntários arregimentados na praça de Natal.

A primeira tropa comandada pelo tenente Manoel Pires Ferreira fez a mais longa travessia em novembro de 1896, partiram de Salvador passando por Alagoinhas, Santa Luz, Queimadas, Senhor do Bonfim e Juazeiro. As demais, fizeram parada em Queimadas e seguiram a pé pela caatinga com carros de boi de apoio para as armas pesadas, munições e ambulância.

O regresso das tropas era uma espécie de maldição pois até a quarta expedição a metade dos passageiros eram os militares feridos em combate. Os milhares de mortos das forças foram sepultados em valados caatingueiros nos tabuleiros alteados de Canudos e Uauá.

Já os sertanejos, jagunços, resistentes que foram de uma têmpera invulgar ao se utilizarem de facões jacaré, peixeiras, foices, chuços e lazarinas de caçar animais contra fuzis e canhões, morreram cerca de 20 mil destes, praticamente todo o Arraial do Belo Monte, incluindo o corpo do peregrino Beato Antônio Conselheiro, restaram enterrados degolados nas terras submersas pelo Cocorobó.

A partir da estação férrea de Queimadas era a vez dos cargueiros e carros de boi, das carroças puxadas a mulas, para levar a munição e os víveres. Havia o carroção fechado, com fueiros estendidos, superpostos com lonas de linho acastamhado, chumaços e cocões reforçados, os bois desafortunados nessa jornada da morte sertaneja raramente voltavam, pois se tornavam o alimentos de milhares de soldados do Exército e da polícia, isolados a 400 quilômetros do litoral, cáustico sertão adentro.

Prestimoso relato dessa campanha da guerra fratricida brasileira, com os detalhes do emprego de navios até Salvador, e dos comboios de ferrovias, sempre uma releitura em Euclides da Cunha, no Os Sertões.

 

 

 

Luiz SerraProfessor e escritor
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