1963, JOÃO XXIII, JOHN KENNEDY E SOLON NEGREIROS –
Como eu ia dizendo, no ano de 1963 houve muitas mudanças. Angelo Giuseppe Roncalli (Sotto Il Monte, 25 de Novembro de 1881 — Vaticano, 3 de Junho de 1963) fora eleito Papa João XXIII, em 28 de outubro de 1958, aos 77 anos de idade. Em 1963, próximo de completar 82, adoeceu gravemente e morreu. Após o longo mandato de Pio XII, Eugenio Pacelli, que foi Papa durante 19 anos (de 1939 a 1958), escolheram Angelo Roncalli como um papa de transição, já que era um homem idoso. Sua biografia, entretanto, revela um homem de grande valor humanístico, um verdadeiro conciliador.
Iniciou como sacerdote em 1904; foi secretário particular do bispo de Bérgamo, onde era professor do seminário; estudioso da vida e obra de São Carlos Borromeu; arcebispo titular, em 1925 iniciou carreira diplomática; na Bulgária, como visitador apostólico; na Grécia e Turquia como delegado apostólico; na França como núncio – embaixador do papa – apostólico; cardeal e patriarca de Veneza, em 1953. Destacou-se pela simplicidade e empenho ecumênico em salvar os judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Para surpresa geral, João XXIII convocou o Concílio Vaticano II, uma verdadeira revolução dentro da igreja, adaptando a doutrina católica ao mundo moderno. Graças a resoluções desse concílio, os padres passaram a voltar-se para o povo durante a celebração da missa que passou a ser rezada não mais em latim, mas na língua predominante em cada país. Para muitos, aclamado como o “Papa da bondade”, aquele que promoveu a liberdade religiosa e o ecumenismo; para grupos minoritários tradicionalistas foi acusado de maçom, radical de esquerda e herege modernista. Nos cinco anos de pontificado escreveu oito encíclicas, sendo as principais “Mater e Magistra” (Mãe e Mestra) e “Pacem in Terris” (Paz na Terra). Ele foi declarado Beato pelo Papa João Paulo II no dia 3 de Setembro de 2000. É considerado o patrono dos delegados pontifícios e a sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de Outubro.
O mundo inteiro rezava pela saúde de João XXIII. Em Mossoró, Solon Negreiros, pai da minha mãe e irmão de Manoel, pai do meu pai, adoece de câncer de pulmão e esôfago. Católico fervoroso a vida inteira, um pequeno grupo rezava e revezava diuturnamente. Eu, aos 12 anos de idade, era acólito, ajudava missa e ficava chateado porque o padre que celebrava na Catedral de Santa Luzia, Monsenhor Huberto Bruening, só pedia pelo papa. Era o mundo todo. Não resolveu, o papa morreu. Foi aí que eu me converti. Parei de rezar. Não adiantava. O papa, que era o papa, o mundo todo rezando… avalie Solon!
Foi nesse fatídico 1963, no dia 22 de novembro, que Lee Harvey Oswald abateu o presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy, JFK (Brookline, 29 de maio de 1917 — Dallas, 22 de novembro de 1963), com apenas 46 anos de idade.
Eleito em 1960, Kennedy se tornou o segundo mais jovem presidente de seu país, depois de Theodore Roosevelt. Ele foi Presidente de 1961 até seu assassinato em 1963. Durante seu governo houve a Invasão da Baía dos Porcos, a Crise dos mísseis de Cuba, a construção do Muro de Berlim, o início da Corrida espacial, a consolidação do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos e os primeiros eventos da Guerra do Vietnã.
Kennedy representou o Estado de Massachusetts como um membro da Câmara dos Deputados a partir de 1947 até 1953 e depois como Senador de 1953 até que se tornou presidente em 1961. Com 43 anos de idade, foi o candidato presidencial do Partido Democrata nas eleições de 1960, derrotando o Republicano Richard Nixon em uma das eleições mais apertadas da história presidencial do país. Kennedy foi a última pessoa a ser eleita Presidente enquanto ainda exercia um mandato como Senador, até a eleição de Barack Obama em 2008. Também foi o único católico a ser eleito presidente dos Estados Unidos. Até a data, era o único nascido durante a Primeira Guerra Mundial e também o primeiro nascido no século XX.
O ex-fuzileiro naval Lee Harvey Oswald foi preso e acusado do assassinato, mas foi morto dois dias após, por Jack Ruby. A Comissão Warren concluiu que Oswald agiu sozinho no assassinato. No entanto, o Comitê da Câmara sobre Assassinatos descobriu em 1979 que talvez tenha havido uma conspiração em torno do acontecido. Este tópico foi debatido e há muitas teorias sobre o assassinato.
Muitos viram em Kennedy um ícone das esperanças e aspirações americanas, em algumas pesquisas no país ainda é valorizado como um dos melhores presidentes da história da nação.
Abraham Lincoln foi o primeiro presidente a ser assassinado, falecendo após ser baleado na nuca por John Wilkes Booth em 14 de abril de 1865. Seis anos depois, o presidente James A. Garfield foi assassinado por Charles Julius Guiteau. Cerca de vinte anos depois, William McKinley morreu de complicações renais após ter sido baleado duas vezes por Leon Czolgosz.
John F. Kennedy foi o quarto presidente dos Estados Unidos a ser assassinado. Muitas vezes, durante uma discussão o interlocutor diz:
– Mas, nos Estados Unidos é assim!
Ao que rebato:
– Os americanos já mataram quatro presidentes… você acha isso certo? E eu mesmo respondo: – Depende…
No dia 16 de dezembro de 1963 morria Solon, depois de uma longa agonia, aos 72 anos de idade. Sete anos depois, em 7 de maio de 1970, era a vez do seu irmão, Manoel Negreiros, aos 76 anos, exatamente da mesma doença, câncer de pulmão e esôfago.
1963, o ano que terminou.
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