O assunto é uma tendência mundial no ramo da marcenaria é o conceito (e a atitude) upcycling.
Mais do que pensar em diminuir o uso de recursos naturais, a ideia aqui é reciclar e reutilizar, daí surge o upcycling.
Enquanto a reciclagem trabalha recuperando a matéria prima para que possa ser reutilizada em um outro produto – como é o caso das garrafas PET e das latinhas, que viram mais garrafas e latas -, o upcycle reinventa completamente a matéria descartada.
A grande diferença é que reciclar envolve técnicas, processos e produtos químicos que nem sempre estão à nossa disposição. Já reutilizar pode ser bem menos complexo e sustentável.
De acordo com dados de 2012 do Banco Mundial, nós geramos um total de 1,3 bilhão de tonelada de lixo por ano ao redor do planeta. Sim, nós, afinal somos todos parte disso.
As principais causas responsáveis por este montante todo são exatamente nesta ordem: pecuária, mineração, indústria, agricultura e o espaço urbano. “Não existe jogar fora. Onde está essa grande lixeira do mundo?”, questiona Tuani Meirelles, sócia do Espaço InSana.
Pegar materiais que iriam diretamente para o lixo e transformar, resignificar. Essa é a ideia do InSana. Um tonel de óleo que vira poltrona ou mesa, uma corda que ganha suporte para ser uma luminária, engrenagens que viram obra de arte. Criada em outubro de 2017, a marca carioca resgata resíduos e dá nova vida à eles, criando móveis e artigos de decoração com muita personalidade – além de colaborar com meio ambiente.
“Com um toque de criatividade, tudo pode ser explorado. Aqui a gente trabalha com diversos tipos de materiais e a gente busca nos lugares mais diferentes: de caçamba de lixo a ferro velho”, conta. Malas de viagem vintage viram aparadores, toneis que viram poltronas e mesas. O processo é de recriação, onde a matéria prima é reutilizada com outro propósito, diferente da reciclagem. O processo é totalmente limpo!
O passeio até a Fábrica da Bhering já vale a pena por si só. Por uma pequena rua na Gamboa, zona portuária do Rio, é possível acessar o prédio que data de 1930. Com arquitetura mantida ainda original, a fábrica que foi uma das mais importantes do país ficou abandonada até que, entre 2005 e 2010, artistas passaram a ocupar os cinco andares com dezenas de ateliês de pintura, escultura, fotografia, moda, gastronomia e até uma pequena fábrica de cerveja artesanal. No primeiro sábado do mês, as portas ficam abertas para o Circuito Interno, um evento que convida todos a visitarem o lugar e conhecerem os trabalhos dos artistas. Ah, vale subir no último andar e aproveitar a vista para a região no entorno.
No Espaço InSana, além de Tuani e Higor Moura mostram em primeira mão toda a produção, eles abrem um bar todo projetado por eles para receber o público com música, cervejas e bons petiscos – pode esperar invenções a cada evento. São mais de 30 rótulos das melhores cervejarias cariocas, além de whiskies, cachaças premiadas e drinks exóticos muito inusitados. “O balcão do bar nós fizemos com madeirame de convés de navio que depois do uso, arrastando os containers por cima dele, precisa ser trocado e é descartado. O barato também é o painel, que é feito de prancha de andaime, já também no fim da vida dela”, explica Tuani.
No InSana a produção é artesanal e artística. Além dos móveis, o casal se dedica a produzir peças conceituais de decoração. Uma, em processo de finalização, fazia homenagem ao cirurgião Ivo Pintanguy, unindo engrenagens para formar um corpo humano. Em outra obra, duas pessoas escalam uma chapa de ferro, cada uma de um lado.
Ama design, sustentabilidade e arquitetura? Então esse é o seu roteiro no Rio de Janeiro. Um lugar que eleva o conceito de reuso, de durabilidade das coisas e nos faz refletir sobre o que é lixo e como estamos descartando o que não nos serve mais. É um convite a mergulhar na criatividade e repensar o mundo que queremos construir. Aceita o desafio?
Fonte: Hypeness.com