Os dados mostram que o último mês de outubro foi o mais quente do mundo nesse período. O mês superou o recorde de temperatura do outubro anterior, de 2019, por uma larga diferença, segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) da União Europeia.
O meteorologista Giovani Dolif, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência, faz um alerta no mesmo sentido.
Ele explica que o El Niño e a dinâmica da temperatura dos oceanos são independentes do que ocorre na atmosfera e, por isso, é necessário que a sociedade controle o que está ao seu alcance: ou seja, reduza a emissão de gases que faz com que a Terra fique mais quente.
Mas como os cientistas chegaram à comparação com os 125 mil anos?
A explicação está na paleoclimatologia, segundo Dolif.
São usados métodos que não têm precisão temporal, mas que permitem estimar uma certa época com a simulação do comportamento da atmosfera para climas passados.
Essa conclusão se baseia em observações de estações meteorológicas, em modelos informáticos complexos do sistema climático e em registros do clima muito antigos a partir de núcleos de gelo e anéis de árvores, por exemplo.
Lista de recordes
A marca de temperatura de outubro se soma à lista de recordes globais de calor deste ano:
- O número de dias que ultrapassou o limiar de aquecimento politicamente significativo de 1,5ºC já atingiu um novo máximo, muito antes do final do ano.
- Julho foi tão quente que pode ter sido o mês mais quente em 120 mil anos, enquanto as temperaturas médias de setembro quebraram o recorde anterior em 0,5°C.
Com isso, o que os pesquisadores do Copernicus apontam é que é extremamente improvável que os últimos dois meses de 2023 revertam a tendência e as altas temperaturas em todo o mundo devem continuar até novembro.