Uma pesquisa realizada pelo Sebrae aponta que 52,3% das pequenas empresas do Rio Grande do Norte tiveram que mudar sua forma de operação após o isolamento social por causa da Covid-19. No mesmo levantamento, segundo o Sebrae, esses empreendimentos informaram que só consegue se manter nessas condições por mais 28 dias.
O estudo foi realizado na semana passada, entre os dias 21 e 25, e ouviu 361 empresários, entre Microempreendedores Individuais (MEI) e donos de microempresas e empresas de pequeno porte, de 26 segmentos distintos da economia. O índice de confiança do levantamento é de 95% e a margem de erro é de cinco pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa aponta que as empresas tiveram, principalmente, que reduzir o horário de funcionamento e também passar a operar apenas com as entregas e vendas pela internet. Também adotaram o teletrabalho, o rodízio de funcionários ou implantaram o sistema de drive thru, pelo qual o cliente pega a mercadoria no estabelecimento sem sair do veículo.
O Sebrae também constatou que o índice de pequenas corporações que fecharam de vez não chegou a 2% e aquelas que não mudaram o modelo de funcionamento totalizam 17,1%.
A maioria que interrompeu o funcionamento – mais de 70% – foi para atender a determinação do governo de deixar abertos apenas os serviços essenciais. além disso, somente para 29,5% baixar as portas foi uma decisão que chegou a ser avaliada pela gestão da empresa.
“Cerca de 50% das empresas pesquisadas falaram que perderam os seus clientes, ou seja, não têm demanda. Isso reduz recursos na empresa. Esses empresários não vão ter dinheiro e precisarão de crédito”, comenta o coordenador da pesquisa, Paulo Bezerra, sobre os reflexos da crise. Na visão do analista do Sebrae, houve uma estagnação do consumo, com alta apenas dos segmentos de alimentação e saúde.
“O consumo praticamente parou e as necessidades principais hoje são nas áreas de alimentação e saúde. Segmentos que até então estavam em alta, como beleza, estética e moda, passaram a ser atividades secundárias. As empresas também terão de adotar de vez o digital. Não dá para comercializar neste momento sem estar na internet”, detalha.
O levantamento aponta ainda que 88,3% dos empreendimentos de pequeno porte verificaram uma redução no faturamento mensal depois do novo coronavírus. De acordo com o Sebrae, a redução média de receitas é superior a 67% quando comparado ao que era faturado em períodos antes da crise. O impacto foi maior entre os MEIs e os proprietários de empresas de pequeno porte – aquelas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões.
O Sebrae verificou ainda os reflexos da crise no quadro de funcionários dos pequenos negócios. Segundo a pesquisa, 78% das 235 empresas ouvidas e que tinham pessoas empregadas não demitiram. No entanto, tomaram medidas, como dar férias coletivas (29,7%), suspensão do contrato de trabalho (20,4%) ou redução da jornada de trabalho com redução de salários (15,7%).
Já 22% que tiveram de dar as contas dos colaboradores – uma média de quatro empregados por negócio. Porém, 71% desses empreendedores alegam que pretendem recontratar o corpo funcional depois da crise. Pela pesquisa, as demissões foram mais frequentes em empreendimentos do setor industrial (35,7%) do que no comércio e serviços – setores mais afetados com as medidas de restrição – com taxas de 15,1% e 12,2% respectivamente.
Em relação ao crédito, a sondagem mostrou 14,1% dos empresários do Rio Grande do Norte buscaram empréstimos, principalmente para quitar as contas (21,2%) e pagar a folha de funcionários (21,2%). Em média, os empréstimos solicitados giraram na ordem de R$ 68 mil.
Desse contingente de empresas em busca de crédito, segundo a pesquisa, 29,4% conseguiu o recurso. Os demais ou voltaram sem o dinheiro (33,3%) ou ainda estão aguardando uma resposta da instituição financeira (37,2%).
Todos os dados obtidos na pesquisa serão mostrados quarta-feira (29), às 19h, pelo superintendente do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto, durante uma transmissão ao vivo pelo canal da instituição no YouTube. Ele, juntamente com técnicos do Sebrae, vai comentar os principais resultados do estudo e apresentar as ações do Sebrae no combate aos efeitos dessa crise.
Fonte: G1RN
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