Categories: Blog

70% de alertas registrados em sistema de monitoramento na Terra Yanomami são sobre presença de garimpeiros

Sistema de monitoramento do território Yanomami tem opções de idioma em yanomami, ye’kwana, sanoma e português — Foto: Evilene Paixão/Hutukara Associação Yanomami/Arquivo

A presença de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami é ainda é uma ameaça frequente às comunidades. É o que mostram dados do sistema de alertas operados por indígenas que vivem no território: sete em cada 10 denúncias registradas no monitoramento são de invasão e exploração ilegal de garimpeiros na região.

Implantado em setembro do ano passado, há nove meses, o sistema funciona via celular com ou sem acesso à internet – neste período, foram registrados quase quatro denúncias por dia. O trabalho foi implantado pelo Instituto Socioambiental (ISA) e a Hutukara Associação Yanomami (HAY), com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

A ferramenta usada pelo indígenas é o aplicativo ODK Collect. Ao todo, foram registradas pelos indígenas 70 denúncias sobre riscos sanitários e ambientais nestes nove meses. Dessas, 49 foram relacionadas à presença de garimpeiros. As demais foram sobre incêndios e água contaminada (18%) e de saúde, como casos de desnutrição e surtos de malária (12%).

Maior território indígena do Brasil, a Terra Yanomami está em emergência sanitária desde janeiro do ano passado, quando o governo federal anunciou uma série de ações para conter o avanço do garimpo, incluindo ilegal, além de melhorar e fortalecer o serviço de saúde para garantir atendimentos aos indígenas.

O governo federal afirma que tem promovido ma Terra Yanomami “a maior operação de retirada de invasores de um território indígena que já ocorreu no Brasil.”

“Atualmente, são 31 órgãos federais envolvidos no processo de segurança e garantia de vida digna aos yanomami. A coordenação de todo o trabalho está centralizada desde 29 de fevereiro de 2024 na Casa de Governo, instituição implantada por determinação do presidente Lula.”

Indígenas treinados

Dez indígenas que vivem na comunidade Watoriki, região do Demini, foram os primeiros treinados para operar o sistema. A ideia era atender, ainda, regiões como o Baixo Catrimani, Missão Catrimani e Alto Catrimani, onde há presença de garimpeiros.

Para o vice-presidente da Hutukara e líder Yanomami, Dário Kopenawa, o projeto apoia comunidades Yanomami e ajuda a denunciar invasões, situações de saúde e a gerir o território.

“Ainda estamos sofrendo, os garimpeiros continuam em nossas terras e continuam passando com seus aviões na cabeça do nosso povo, incomodando o nascimento das nossas crianças com o barulho de motores. Mas com o sistema de alertas temos a oportunidade de comunicar às autoridades sobre o que acontece dentro de território”, declarou Dário.

As denúncias e queixas comunicada a partir do território Yanomami antes eram feitas por cartas, visitas presenciais ou mensagens de radiofonia, o que melhorou com o novo sistema. O monitoramento funciona como uma central onde as próprias comunidades, por meio de um aplicativo de celular, emitem notificações sobre riscos de maneira ordenada.

“Com o projeto, temos um fluxo mais organizado para receber informações do território e com isso, temos melhor acompanhamento da situação e mais qualidade de informações. O sistema de alerta é uma oportunidade de organizar e ter dados com qualidade para acompanhamento mais fino e melhor resposta do poder público”, explica Estêvão Benfica Senra, geógrafo do ISA.

 

Como funciona o sistema

⚠️ O sistema disponibiliza formulários onde a população indígena pode anexar fotos, vídeos, áudios e até mesmo pontos de localização com coordenadas geográficas para relatar o alerta a ser gerado.

Após qualificados e validados, os alertas são colocados no painel para que autoridades e instituições parceiras possam ter ciência de qualquer anormalidade que ameace o território.

Os registros podem ser feitos offline e a ferramenta disponibiliza as opções nos idiomas yanomami, ye’kwana, sanoma e português.

A primeira fase do projeto, com a divulgação dos resultados foi concluída em maio deste ano, com um evento que reunião líderes Yanomami apoiadores da iniciativa.

O projeto do sistema de alertas tem o financiamento da União Europeia, por meio do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária (ECHO, na sigla em inglês). O objetivo é aumentar a resiliência e fortalecer a autonomia das comunidades com a integração de um sistema que respeite o contexto e o conhecimento das comunidades indígenas.

Fonte: G1

Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,8010 DÓLAR TURISMO: R$ 6,0380 EURO: R$ 6,0380 LIBRA: R$ 7,2480 PESO…

2 dias ago

Capitania dos Portos limita número de passageiros em embarcações de passeio nos parrachos de Rio do Fogo e Touros

A Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte divulgou nesta quinta-feira (21), a publicação…

2 dias ago

Natal em Natal: Árvore de Ponta Negra será acesa nesta sexta-feira (22)

O Natal em Natal 2024 começa oficialmente nesta sexta-feira (22) com o acendimento da árvore natalina de…

2 dias ago

Faz mal beber líquido durante as refeições? Segredo está na quantidade e no tipo de bebida

Você já ouviu que beber algum líquido enquanto come pode atrapalhar a digestão? Essa é…

2 dias ago

Alcione, Flávio Andradde e Festival DoSol: veja agenda cultural do fim de semana em Natal

O fim de semana em Natal tem opções diversas para quem deseja aproveitar. Alcione e Diogo Nogueira…

2 dias ago

PONTO DE VISTA ESPORTE – Leila de Melo

1- O potiguar Felipe Bezerra conquistou o bicampeonato mundial de jiu-jitsu em duas categorias, na…

2 dias ago

This website uses cookies.