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73% dos municípios do RN não destinam resíduos sólidos adequadamente, aponta levantamento

Aproximadamente 73% dos municípios do Rio Grande do Norte não destinam de forma adequada os próprios resíduos sólidos. Os dados estão em um levantamento feito pela Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte (Semarh).

O levantamento foi divulgado nesta sexta-feira (2), data em que se encerrou o prazo estipulado pelo Novo Marco do Saneamento Básico – de julho de 2020 – para que todas as cidades do Brasil se adaptassem à destinação correta do lixo.

No Rio Grande do Norte, segundo o levantamento, 46 municípios destinam os rejeitos corretamente e outros 121 municípios não o fazem, utilizando de lixões a céu aberto.

Como há aterros em algumas das cidades mais populosas do estado, a proporção da população potiguar que está inserida em cidades que destinam corretamente o lixo é de 62,4%, segundo o levantamento, sendo cerca de 2 milhões de um total de 3,3 milhões de moradores no estado.

A destinação correta do lixo é de responsabilidade municipal. Mesmo com a finalização do prazo estipulado pelo marco, os municípios preveem soluções e apontam dificuldades para o encerramento dos lixões através de acordos com o Ministério Público do Rio Grande do Norte e de análises do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema).

Projeto de regionalização dos aterros

Para tentar avançar com destinação correta dos lixos, a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do RN (Semarh) iniciou, em 2018, um projeto de regionalização dos lixosO projeto prevê que alguns municípios próximos, da mesma região, usem aterros sanitários em conjunto.

“Os pequenos municípios não têm condições de só, isoladamente, resolver o problema, de fazer um aterro sanitário adequado, de fazer tudo isso, então é preciso que se tenha a regionalização”, explicou o secretário adjunto da Semarh, Auricélio Costa.

 

Segundo o secretário, consórcios públicos para uso de aterro regional foram firmados para regiões Seridó e Alto Oeste e receberam investimentos de estudo e execução no valor de R$ 22 milhões da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Segundo ele, o Consórcio do Seridó está com as atividades de construção na parte adminsitrativa em andamento. “E, com o convênio da Funasa, também serão aportados recursos para que haja póssibilidade de finalização do aterro de Caicó”, explicou o secretário.

No Alto Oeste, segundo o secretário, está em construção a estação de transbordo e ainda há “um aterro privado que vai auxiliar na solução desse problema”.

“O importante agora é que, dom esse convênio, nós vamos reapresentar, fazer algumas modificações, adequações e podermos finalizar, apoiar esses dois consórcios pra que eles possam atender aos municípios”, explicou.

Aterros na Grande Natal: abrigar mais 30 municípios

Para a promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio às Promotoias do Meio Ambiente do MPRN, Rachel Germano, apesar do percentual atual de cidades que descartam corretamente os resíduos sólidos ser de 26%, as perspecitvas são boas.

A promotora explicou que, além do aterro já previsto para a Região Alto Oeste, os aterros sanitários existentes na Região Metropolitana de Natal conseguem abrigar pelo menos mais 30 municípíos, o que pode ser uma solução.

A promotora explicou que o MP trabalha há anos tentando erradicar os lixões, inclusive com um projeto chamado Lixo Negociado, e desde o ano passado atua na perspectiva de que a existência de lixão é considerado crime ambiental.

“Chamamos os prefeitos para fazer acordo numa ação de não persecução penal, pra adequar a situação e não responder a uma denúncia criminal. A uma ação penal por manter lixo no seu território, no seu município”, pontuou.

“Existe a importância de o próprio gestor se sentir compelido: ‘Agora não existe mais desculpas, eu tenho que encerrar o meu lixão, porque eu tenho um aterro a 30 km do meu município'”, explicou a promotora.

 

Se os aterros forem mais distantes, segundo ela, o MP vai olhar de forma diferente para as situações. “Nós náo podemos obrigar um prefeito a encerrar seu lixão se ele está a 200 km de um aterro sanitário”, afirmou.

Coleta seletiva e atuação em áreas de lixão

O Idema explicou que alguns acordos têm sido feitos com municípios para que haja a aceleração do destino correto dos resíduos.

A gente trabalha com a questão de crimes ambientais, então a gente autua, aplica o auto de infração, que isso pode gerar uma multa, uma advertência, depende do que for, e o município vai fazendo as melhorias, apresentando na sua defesa”, explicou a fiscal do Idema, Kelly Dantas.

A fiscal explicou ainda que há uma campanha de conscientização com os gestores para aplicação também da coleta seletiva.

“Quando é implantada a coleta, o que vai pros aterros são os rejeitos, o que vai diminuir bastante o custo do município pra destinar esses resíduos aos aterros”, explicou.

 

Segundo Kelly, os atuais lixões causam poluição do solo, do ar e da água. “Até são criadores de vetores, de doenças, principalmente a dengue”, disse.

O secretário adjunto da Semarh, Auricélio Costa, explicou que mesmo após o fechamento dos lixões, o Estado vai precisar tomar medidas nas localidades.

“Mesmo quando parar de colocar o resíduo, mesmo assim precisa de um tratamento adequado. Parar a poluição do lençol freático, cobrir aquelas células, a possibilidade da geração de gás, necessidade de arborização”, explicou.

Fonte: G1RN

Ponto de Vista

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