A ADMIRÁVEL MARTA –
Presidente da Academia Alagoana de Letras
Naquele dia me encontrava na cidade de Dois Riachos, interior alagoano. Fim de tarde, cadeiras na calçada, o assunto era: Calor. O sol parecia se dividir em centenas para atender a cada um dos habitantes locais, fazendo com que os miolos da cabeça parecessem ferver.
Ainda não fizera a digestão completa da costela assada de carneiro, com acompanhamento de arroz de leite e rapadura, que houvera degustado pouco antes no Bar da Praça, quando escutei um dos transeuntes falar: “sou do sertão terra quente, onde é bem difícil chover, nasci de um povo valente, acostumado a sofrer, sou nordestino oxente e tenho orgulho de tal, mas o que me deixa mais contente é ser da terra da Rainha Marta com o seu eterno alto astral”. E logo após apontando para o campo de futebol, existente mais adiante, bradou haver sido naquelas traves, onde a ilustre Riachense, marcara os seus primeiros gols, quando bem jovem.
Meu pensamento de imediato fixou na figura da atleta, sobre a qual pouco sei, mas faz por merecer minha admiração profunda, pelo simples fato de sempre haver demonstrado acreditar em si própria, no futuro, e principalmente no fato de serem os sonhos a sede do coração. Oriunda de região com escassas chuvas, demonstra haver aprendido que uma alma desprovida de quimeras, é como o sertão sem água. A vida somente ganha sentido, a partir do momento em que se tem um alvo para atingir.
E lá foi Marta, nas asas da oportunidade surgida, conquistar o mundo e a admiração do planeta, não somente com os recordes esportivos conseguidos, as glorias conquistadas, mas principalmente pelo fato de sempre ter apostado na iniciativa de que para atingir metas, depende única e exclusivamente de quem tenta lançar a flecha. A cada alvo acertado, outro surge para ser focado e assim segue ela. Sempre sorrido, sabendo se fazer querida, mirando novos propósitos
Sendo eu, desportista por natureza, encanta-me ver Marta nos estádios de futebol do Brasil, não como jogadora, mas torcendo e incentivando times alagoanos que defendem as cores da Terra dos Marechais. Deslumbra-me encontrar Marta, quase como pessoa incógnita a passear nos shoppings de Maceió, ou frequentar tanto nossas praias, shows e também as clinicas medicas da cidade, quando poderia ser usuária exclusivamente dos boulevards, mais famosos e badalados do mundo. Fascina-me senti-la alegre e satisfeita, ao conceder autógrafos ou posar para fotos junto a seus admiradores.
Nunca acreditei no fato de as pessoas se completarem, mas sim, se somarem. Tenho a certeza de não haver conseguido, mesmo tendo tentado, dar cem por cento de mim para ninguém, como esperar tal percentual seja produzido por meus semelhantes? Assim, mesmo de longe, por tudo o que já fez e como aconteceu, vejo Marta, como exemplo de proatividade e eficiência naquilo o que se dispôs realizar, transformando-se em uma pessoa vitoriosa, cujo maior atributo é a simplicidade.
Novamente olhando para o campinho de barro em Dois Riachos, entendi que para dar vida a um sonho, é também fundamental ter a coragem de permitir-se viver. Tornar o impossível acontecer. Marta soube fazer tudo isto de forma admirável.
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras