A ARTE DE ENVELHECER –
Cada vez mais pessoas com 60 anos e mais encontram dificuldades para envelhecerem com dignidade em nosso país, sobretudo àquelas que se aposentaram e vivem distantes de seus familiares, componente emocional que nem sempre é substituído, à contento, por abrigos ou outras instituições que acolhem pessoas idosas, ou que estão acometidas de doenças incapacitantes, ou ainda que se aposentaram auferindo baixa remuneração o que, em tese, dificulta à constituição de um pecúlio para fazer face às necessidades futuras.
Especialistas advogam que “o Estado precisa reconhecer que a família brasileira mudou, fruto de um acelerado processo de envelhecimento da população, e que é preciso compartilhar com ela a responsabilidade de cuidar dos idosos”. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), havia no país, em 2012, 45,8 mil idosos vivendo em abrigos que recebiam recursos ou que tinham vínculo com o poder publico, enquanto que em 2017 esse número é de 60,9 mil, um acréscimo de 33% no período. Todavia, pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indicava a existência, em 2011, de 83,0 mil idosos em abrigos públicos e privados no Brasil, e que, atualmente, estima-se que esse contingente é da ordem de 100,0 mil idosos.
Contrapondo-se a esse significativo número de pessoas com 60 anos e mais, vivendo nos mais diversos abrigos e instituições, o governo Federal diz que pretende investir em ações para parar o ingresso de idosos nesses abrigos: eles devem ser acolhidos de dia, em algum lugar, e à noite voltar para o convívio de sua família. Em outra linha de ação governamental, cidades estão sendo estimuladas a criarem atividades para os mais velhos durante o dia, através de centros de convivência. Neste caso, trata-se de uma participação voluntária, sem que essas cidades tenham à garantia de recursos federais para apoiar essas atividades.
Deve-se ressaltar que essas ações propostas são corroboradas pelos especialistas da área, os quais, também, defendem à necessidade de se avaliar às instituições que acolhem os idosos, na medida em que elas precisam estar registradas nos Conselhos e ter o aval sanitário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios(PNAD), indicam que nosso país tinha em 2012 25,4 milhões de pessoas com 60 anos e mais, atingindo em 2017 30,2 milhões de idosos, correspondendo a 15% do total de sua população, dos quais 16,9 milhões são mulheres. A continuar nesse ritmo, a tendência é de que até 2031 o número de idosos supere o de crianças e adolescentes, de 0 a 14 anos. O fato é que o Brasil caminha no sentido do envelhecimento de sua população, a exemplo de outras nações, tais como Portugal com 21,5%, Grécia 21,3%, Itália 2,20%, China 17,3%, e Alemanha com 21,1% de idosos com 65 anos e mais.
Todavia, mesmo com o processo de envelhecimento, o conceito de idoso mudou. Hoje, quem tem 70 anos é como quem tinha 50 anos, tempos atrás. Uma pessoa de 60 anos, mesmo de baixo poder aquisitivo, não é idosa como nossos avós. Às pessoas têm mais autonomia e participação social. À velhice, no sentido de perda de capacidade de trabalho, de vida cotidiana e autonomia, está começando bem mais tarde.
Se é verdade que até 2060 o número de pessoas acima de 60 anos deverá duplicar em nosso país, correspondendo a 32% do total de nossa população, também é imprescindível que o Brasil esteja preparado para tal. E preparar-se para 2060, é garantir que os nossos idosos, que são os jovens de hoje, envelheçam bem em termos de saúde, educação de qualidade, trabalho e melhores condições de renda!
Antoir Mendes Santos – Economista
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