A CAPITAL DO MEU CORAÇÃO –
Dias atrás retornei a Caicó, terra de meus familiares maternos, a capital do meu coração, e ali chegando, mesmo com as mudanças vividas com o decorrer dos anos, nos recantos da memória, aquela ainda é a cidade que resplandece, onde minha infância fez morada e meu ser sempre habita.
O Arco de Santana, avenida Seridó, praças da Catedral e do Coreto, residências de meus avós e bisavós e também o bloco carnavalesco os Fugitivos, primeira namoradinha, o açude Itans, representam trilhas de aventuras, verdadeiros portais de lembranças, onde risos ecoavam sinfonias, e os dias sempre ensolarados, contudo, senti que ao pisar naquele solo sagrado, meus pés dançavam em ritmos de nostalgia.
O mais impressionante é que chegando à Caicó justo no dia do hasteamento da bandeira da festa da padroeira Santana, foi como estivesse a abrir um baú de tesouros adormecidos, ressuscitando fantasias inesquecíveis.
E logo após a primeira novena, as ruas já cheias de cores e sons, era como se o tempo houvesse parado para celebrar memorias que nunca se apagaram. Os parques de diversão repletos de luzes, para mim um convite irresistível ao mundo dos sonhos. A roda gigante erguendo-se majestosa, trazia-me de volta às alegrias da infância, quando cada giro era como viagem no tempo, onde passado e presente se entrelaçam.
Com meus netos assistindo a atração “Monga”, linda mulher que virava gorila, mistério que fascinava minha mente, reaparece como eco levando-me a sentir similar excitação, idêntico arrepio.
Durante o dia sentar-me debaixo das mesmas árvores antigas, onde outrora estive com vozes queridas que já deixaram o mundo dos vivos, conversando de tudo e de nada, os sonhos passados e futuros por vir, e lembrando-os ainda me perco nos contos de heróis e dragões que gostavam de me contar, sempre ao som da bandinha furiosa.
Cada vez mais me convenço, que voltar a Caicó na época da padroeira, é ser criança outra vez, é redescobrir a magia em cada detalhe, sentir a liberdade no ar, deixando que a alegria preencha cada momento, reencontrando apenas não um lugar, mas parte de mim que jamais se perdeu, um pedaço de eternidade onde a felicidade sempre encontra seu lar.
Sou feliz… talvez inspirado pela encantadora Sant`Ana, casei som uma Ana e minha filha primogênita, Bruna Lanverly, nasceu no dia do encerramento de uma das festas da padroeira de Caicó.
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras