A CHEGADA DAS CHUVAS NO SEMIÁRIDO –

As primeiras chuvas que começaram a cair em dezembro, em alguns estados nordestinos, e que começam a se intensificar agora em outros estados da região, aumentaram as esperanças de termos um bom “inverno”, no Semiárido nordestino. Todavia, em se tratando de chuvas nesta região, é difícil prever-se com segurança o volume dessas precipitações e, mais ainda, sua distribuição ao longo do tempo, mesmo na estação chuvosa.

Em decorrência dos últimos sete anos de seca, a grande preocupação de quem lida com a administração dos recursos hídricos no Semiárido, é que a intensificação das chuvas encontre as bacias hidrográficas com baixa capacidade de acumulação.

No Ceará, considerado um dos estados nordestinos mais secos e com a quase totalidade de seu território no Semiárido, cuja quadra chuvosa concentra-se de fevereiro a maio, essa preocupação está presente em quase todas as regiões. Dados do Portal Hidrológico do Ceará, indicam que as bacias do Coreaú e Litoral são as que apresentam, atualmente, uma situação mais confortável com, respectivamente, 67,7% e 57,7% de acumulação d’água, com perspectivas de poderem ofertar água para o consumo humano e para as atividades produtivas, durante o ano de 2019.

O mesmo não acontece com as bacias do Sertão de Crateús, Médio Jaguaribe e Banabuiú que estão em situação crítica com, respectivamente, 5,3%, 3,7% e 6,8% de água acumulada, enquanto que as bacias da Ibiapaba com 33,6%, Acaraú com 24,8%, e Baixo Jaguaribe com 33,3% apresentam uma ligeira melhora na capacidade de acumulação.

No caso das duas maiores barragens do estado, Castanhão e Orós, atualmente com, respectivamente, 3,61% e 5,38% de capacidade de acumulação e que beneficiam a cidade de Fortaleza e sua região metropolitana, a situação é preocupante visto serem responsáveis por atender ao consumo de uma região densamente povoada. O governo estadual prevê a implantação de duas usinas de dessalinização de água marinha, como forma de complementar o consumo d’água dessa região. No Ceará, à chegada das águas da transposição do São Francisco, prevista para o primeiro semestre de 2019, trás consigo a perspectiva de regularização da oferta d’água na capital e na área metropolitana, nos períodos críticos.

Na Paraíba, os principais reservatórios do estado também estão abaixo de sua capacidade de acumulação. Integrantes da bacia do Piancó, os açudes Coremas e Mãe D’água(que alimentam o rio PrinhasAssu no RN) estão em estado crítico com suas capacidades reduzidas para, respectivamente, 8,52% e 5,88%. Na bacia do alto curso do rio Piranhas, destacam-se os açudes São Gonçalo com 31,34% e Eng. Ávidos com 18,57%,ao passo que as barragens localizadas na bacia do alto curso do rio Paraíba, Sumé com 2,47%, São Domingos 7,73% e Epitácio Pessoa com 20,81% estão em situação crítica.

No estado paraibano, de acordo com a Agência Executiva de Gestão das Águas(AESA), apenas os reservatórios Gramame com 62,92%, localizado na bacia de mesmo nome, e Marés com 96,73%, integrante da bacia do baixo curso do rio Paraíba, apresentam uma situação confortável.

No RN, às duas principais bacias do estado, monitoradas pela Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos(SEMARH), apresentam  comportamentos semelhantes. O acompanhamento realizado na bacia do rio Apodi/Mossoró, com 44 reservatórios, mostra que à capacidade média de acumulação subiu para 33,5%, sendo que nos 4 principais açudes houve redução na acumulação d’água estando, atualmente, Santa Cruz com 22,07% de sua capacidade, Umari com 33,75%, Pau dos Ferros com 2,5% e Lucrécia com 12,29% configurando um quadro preocupante.

Por outro lado, na bacia do rio Piranhas/Assu, com 18 reservatórios, houve uma redução na capacidade média de acumulação para 20,3%, com os 5 principais reservatórios apresentando queda na capacidade de estocagem, com a barragem Armando Ribeiro reduzindo seu volume d’água para 20,09%, o açude Itans para 1,9%, Mendubim  para 68,9%, Sabugi para 21,78% e Boqueirão de Parelhas para 29,38%.

É importante ressaltar que as águas da transposição que chegariam ao RN, através do Piranhas/Assu, e que poderiam complementar a necessidade desse insumo para o consumo e atividades produtivas, ainda não têm data para ocorrer, enquanto que o projeto que permitiria a entrada das águas do São Francisco pelo rio Apodi/Mossoró, não saiu do papel.

 

 

Antoir Mendes SantosEconomista

 

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