A CIÊNCIA DA FELICIDADE –
Tal como a liberdade, a felicidade não é concedida, mas, sim, conquistada. Ela tem uma fronteira móvel e padece de incompletude. Em verdade, ninguém consegue permanecer nesse estado por muito tempo, a não ser, talvez, algum monge budista do Tibet.
Tendo como pilares principais a psicologia positiva, a neurociência e a ciência das emoções, Gustavo Arns, professor de pós-graduação da PUC-RS, erige em ciência a felicidade.
Para ele, a finalidade de Ciência da Felicidade é desmistificar o seu conceito para que as pessoas possam compreender e tornar a vida feliz. O cérebro é como um músculo e bem exercitado consegue fazer o homem feliz.
A mais ampla definição de felicidade é dada pelo professor israelense Tal Ben-Shahar: “é uma combinação de bem-estar físico, emocional, intelectual, relacional e espiritual”.
A Constituição norte-americana também consagrou o princípio, estabelecendo que todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Note-se que é direito de procurar e não necessariamente de ter. O ex-reitor da Universidade de Brasília, Cristovam Buarque, propôs ao Senado Federal uma PEC para inserir em nossa Constituição, também, o direito de busca individual ou coletivo da felicidade. O que ele desejava era explicitar que já estava em muitos artigos da Constituição Cidadã, de 1988.
É evidente que se sentir, a maior parte do tempo, confortável e em perfeita harmonia consigo mesmo é ser feliz. Isso não quer dizer que não haja problemas, sofrimento, desassossego, naturais à condição humana, mas que devem ser superados pelo exercício e pela força da vontade e, para os cristãos, por divino apoio.
No “Sermão da Montanha”, Jesus proclamou as bem-aventuranças, que significam a verdadeira, a suprema felicidade. Mesmo assim, não excluiu a existência de choro, da sede de justiça, perseguições e aflição. Na Salve, Rainha, mesmo sendo um louvor à Nossa Senhora, estamos “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. E meu pai, sempre sorrindo, ensinava que toda dificuldade é passageira.
A arte de viver é tornar-se feliz. Para isso, algumas virtudes são essenciais, tais como: a gratidão, a prudência, a visão da beleza, a esperança e a caridade.
A felicidade é a alavanca do bem. O contentamento estimula a beneficiar o semelhante. Aprendemos, em nossa região, que, durante a seca, quando nos aproximamos de um bezerro magro, ele nos ataca e cai. A agressividade é sinal de fraqueza. Durante o inverno, é possível aproximar-se e alisar um bezerro gordo.
Para a filosofia do Oriente, a felicidade é a ausência de desejos. No Ocidente, a falta de desejo acarreta depressão. O principal desejo de todo homem é a felicidade. Devemos, pois, usufruir da nova e salutar Ciência da Felicidade.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN