A COBIÇA DA AMAZÔNIA –

O Brasil é a maior potência ecológica do planeta.

Há de se reconhecer que, também pela ação humana, muito já se perdeu. Curiosamente, poucos choram a destruição de 93% da Mata Atlântica. Não se vê lamentação porque a serra, o machado ou o fogo, provocado ou como fenômeno da natureza, tenham diminuído grande parte da nossa fortuna ecológica.

Essa constatação faz-nos refletir sobre a COBIÇA. Esta é o olhar guloso sobre coisa alheia. Significa o desmesurado desejo de se apossar do que não lhe pertence, é infringir o 10º mandamento da Lei de Deus. A cobiça tem uma irmã siamesa, a inveja.

A Amazônia é cobiçada por brasileiros ávidos de suas riquezas, por entidades e cidadãos estrangeiros e por Estados hegemônicos. É possível que o mito do El Dorado, a lendária existência de uma cidade toda de ouro, no século XVI, continue a exercer o seu fascínio sobre a memória coletiva.

Nada menos que 60% do território brasileiro é amazônico. São mais de cinco milhões de quilômetros quadrados. Geralmente, pensa-se que a floresta ocupa apenas os Estados do Amazonas e Pará, mas ela está presente em sete Estados.

A Floresta Amazônica irradia-se por outros países: Colômbia, Peru, Venezuela e Bolívia. É a maior floresta tropical do mundo, perdendo apenas em extensão para a taiga siberiana que é homogênea, uma mata de pinheiros.

Deus caprichou na diversidade do nosso bioma, em plantas vivas, espécies de animais e insetos. Nos seus rios nadam mais de três mil espécies de peixe. É verdade que muitos dos bichos não são agradáveis ao homem: os sapos venenosos, o jacaré-açu, a onça pintada, o peixe elétrico ou a enorme e picante muriçoca, a carapanã.

Nada disso impede os olhos cobiçosos para a extração de madeira, agropecuária, exploração de minérios, construção de hidroelétricas.

Agora, muitos pretendem tomar conta da nossa Amazônia. O Macron, presidente da França, repete pretensão antiga: necessidade(!?) de internacionalizar a nossa propriedade secular. A Guiana Francesa tem 1.600 km de fronteira com o Brasil. Os franceses não são padrão de valorização do seu território. Hoje têm população de cerca de 280 mil habitantes, dos quais 70 mil são brasileiros.

O ecossistema da mídia mundial volta-se para o Sínodo que se realiza em Roma, 250 Bispos. Sou católico apostólico romano, com missa dominical e orações diárias, mas não posso concordar que se faça o encontro de internacionalistas, com a exclusão de brasileiros que cuidam da floresta, os militares. Também não se admitiu a presença da representação brasileira pedida pelo Presidente da República. A impressa registra o Papa com a mitra, símbolo sagrado, ao lado de indígenas aculturados com cocares na cabeça na missa vaticana. Certamente lá, ninguém dirá que as forças armadas brasileiras estão combatendo o fogo e apresentando punição aos infratores.

Lá, não se fala que a queimada é fenômeno mundial. Tristemente notamos que este encontro alimenta cobiças.

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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