A CULTURA É MAIS IMPORTANTE QUE A POLÍTICA –

Uma civilização imprime o seu caráter em todos seus produtos, sociais, políticos e intelectuais, escreve Christopher Dawson, em Inquéritos Sobre Religião e Cultura, e encontra sua expressão mais íntima “ na religião, na filosofia e nas artes.” O debate político está polarizado no mundo, mas a política não é autônoma, estão por trás princípios, doutrinas e filosofias. O campo de batalha vai da Academia às Redes sociais, passando pela Mídia, Cultura e Artes. As mudanças são impulsionadas, alterando as relações sociais e morais, desenraizando o ocidente de suas fundações na natureza e na tradição, compondo uma nova organização artificial, materialista e coletivista. Seguindo a cartilha de Gramsci, uma militância organizado ocupou veladamente, depois imperiosamente, a educação, mais marcantemente a área de humanas, formando um corpo compacto que hoje doutrina os estudantes de todas as áreas, formando os guerreiros da justiça social, com viés anti-religioso, anti-família e pró Estado regulador e autoritário, encarnação da justiça, acima de qualquer contestação. Milo Yiannipoulos diz que os conservadores não perderam a guerra cultural, eles simplesmente nem se deram ao trabalho de lutar. Envolvidos na guerra econômica, onde o capitalismo triunfava a larga margem sobre a economia socialista, os conservadores não se aperceberam de que com a guerra perdida, os vencidos procurariam novos campos a explorar para continuar a luta pelo poder, e fariam a ocupação progressiva, crescente, até chegar à hegemonia de toda área de educação, artes, cultura e mídia, hoje exibindo tons totalitários e condenatórios a qualquer pensamento divergente. A polarização na arena política é fruto dessa guerra cultural, em que um lado se nomeia portador das virtudes e verdades, arauto de uma utopia futura de paz e liberdade, mas estranhamente sob a tirania do politicamente correto. Reativamente, isso é contestado, assim como todo estranho sentimento contra o conjunto cultural em que se fundamentou nossa civilização. Milo completa: “até que reconquistemos a arena cultural, as vitórias políticas dos conservadores serão meros contratempos ao avanço constante dos princípios esquerdistas”. Foi Ronald Reagan que disse : “As artes e as humanidades nos ensinam quem somos e o que podemos ser. Elas estão no cerne da cultura da qual fazemos parte.” Fica visível que a questão, acima de tudo é a cultura, não a política. A censura e perseguição contra os que não comungam a hegemonia de pensamento é tão brutal que comitês que se formaram em universidades americanas para garantir um suspiro de liberdade de pensamento era formado por esquerdistas moderados. A construção de uma nova identidade passa pelo repúdio à antiga ordem e sua destruição. Novas teorias e percepções são consideradas revelações e conferem autoridade a seus portadores. Segundo Roger Scruton “ essa é a ideologia totalitária perfeita uma pseudociência que solapa e descarta todas as afirmações concorrentes.” O objetivo do politicamente correto é esmagar a liberdade de expressão. “A vida de ninguém é arruinada por algumas palavras maliciosas, se toca, são apenas palavras” diz Milo e arremata “quando a esquerda assume o comando da cultura ela usa isso para difamar, rotulando os opositores de racistas, sexistas e intolerantes.” Esses absolutistas querem dominar a conversa “aterrorizando os outros e os reduzindo ao silêncio.” A intrusão opressiva dos temas do politicamente correto nas empresas, escolas, igrejas e famílias, comunidades normativas estabelecidas em uma base variada de princípios alternativos, tenta sujeitar a vida como um todo, subordinando a opinião popular a uma ideologia, para moldar o comportamento social para seus próprios fins, diz David T. Koyzis, em Visões e Ilusões Políticas. Hayek, em O Caminho da Servidão, diz que tentar dominar as forças da sociedade, subordinando-a a uma supremacia é “ o caminho não só do totalitarismo, mas um meio certo de obstar o caminho do futuro.”

 

 

 

 

Geraldo Ferreira – Médico e Presidente do SinmedRN

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