A DÍVIDA INUSITADA –

Conta um aliado amigo de mesa de bar e bom parceiro de longas datas nos campos de pelada que, em épocas passadas, na cidade interiorana de Ouro Branco/RN, município localizado na região do Seridó, com população de aproximadamente 4.  900 habitantes, de economia voltada para a agricultura, extração de pedra de revestimento itacolomi e com boa parte da população ocupando cargos como servidores públicos municipais. Um fato, um acontecimento hilário, mexeu, chamou a atenção e deu motivo de muita chacota entre seus habitantes. Eis o causo.

Uma certa figura humilde, muito conhecida no município, desempregado, que vivia de biscates, andava bastante preocupado com o momento de liseu absoluto em que se encontrava. Toda hora ficava perguntando aos amigos se a Prefeitura já tinha pagado o 13º salário. De tanto ser importunado com a mesma pergunta, repetidas e insistentes vezes, um amigo, funcionário da instituição municipal, perguntou:

— Zé, porque você anda tão preocupado com o pagamento do 13º salário, se você nem é funcionário da Prefeitura?

— É, Chico, é que tenho dois c. pra receber quando sair o 13º salário!

— Vixe, que diabo é isso? Tem dois c. pra receber? E a Prefeitura virou agora caixa de c.? Explica melhor, é uma nova moeda em circulação?

— É que tive que cumprir o ofício de brocador anal em dois boiolas funcionários da Prefeitura; na hora do pagamento, os exe(cu)tados falaram que só podiam me pagar quando saísse o 13º salário. A coisa ficou preta e até hoje nada recebi. Estou na pior, puto da vida, sem uma prata, e, ainda, quando vou cobrar, os suplicantes pedem para repetir a dose, prometendo que o dinheiro vai sair no final do mês e que o valor vai ser dobrado.

Não aguento mais, não dá pra esperar. Tou na pior, esbravejou Zé!

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor –  [email protected]

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *