A DOR NA VIDA DOS HOMENS –
Desde cedo, o homem se acostuma a conviver com elementos, intrinsecamente a ele vinculados, que regerão seu cotidiano. O prazer ou a tristeza, a alegria ou a saudade, são itens que, dentre tantos outros, temperam cada instante da vida dos seres pensantes, emprestando-lhes recordações de sorrisos ou lágrimas.
Existe, contudo, uma sensação que pode ser sentida, nos extremos das ocorrências de todos os que habitam a terra: A dor, que pode ser definida como algo desagradável, embora, muitas vezes, nem tanto…
Em minha vida já convivi com vários tipos de dor. Recordo de minha felicidade, quando, no Parque do Ibirapuera, com os pés cheios de bolhas, algumas delas de sangue, cruzei a linha de chegada após correr vinte cinco quilômetros por ruas diversas de bairros de São Paulo.
Não posso esquecer quando, com o coração partido, anos atrás, fui aprofundar conhecimentos no longínquo e frio Canadá, deixando em Maceió, por um longo tempo, Ana, e minhas filhas, uma delas recém nascida.
A dor de perder meu pai, o homem que sempre amei e procurei tomar como exemplo de vida, copiando seu lado bom e revendo os atos que, achava, poderiam ser melhorados. Sua ausência sempre estará presente no resto de meus dias.
Ultimamente, uma das maiores dores, que senti, ocorreu no julgamento do STF quando por seis votos a cinco, aquela corte modificou o entendimento existente se posicionando contra a prisão em segunda instancia.
Existe, também, a dor de cotovelo, uma das mais ferozes, porque não afeta músculos, nervos ou membros, mas futuca a alma, emprestando ao dolorido o sentimento de abandono, ressaca e tantos adjetivos que o deprimem, e o pior: para ela não há remédio, ou seja, o medicamento é esperar e absorver o fato.
Dor, esta coisa estranha que atinge tanto o corpo como a alma, embora também se transforme em marco existencial: Lembro que, em minha infância, lá na fazenda Angicos, no sertão de Caicó, sempre pedia a meu avô para passear, nos animais que ele montava. Às vezes, era na garupa de seu cavalo, outras, na quilha da cela. Naquele dia, ele tangia o rebanho que trazia água do açude para abastecer os tanques do curral. Já perto do destino, pegou-me nos braços e colocou-me no costado do burrinho da frente. Logo após, o dócil equino realizou um movimento, brusco o suficiente para que literalmente eu visse estrelas, pois, imprensei meu testículo esquerdo na rodilha da cangalha sobre a qual estava escanchado. Uma sensação horrorosa que me fez perder o folego.
A dor é tão presente no dia-a-dia de todos, que Drumond, não poupou inspiração para estabelecer uma das grandes verdades da terra: “A dor é inevitável, o sofrimento é opcional”. A mais pura verdade…!
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras