A ERA DO JORNALISMO VIRTUAL –
Pouca gente sabe que o Brasil é um dos países onde mais se vende computador no mundo. Fica atrás apenas de potências do naipe dos Estados Unidos, China e Japão. Possuindo tamanho índice de comercialização desse equipamento eletrônico não era de estranhar a implantação e crescimento do chamado web jornalismo online ou cyber jornalismo, que é o jornalismo praticado por meio digital via internet.
Web jornalismo começou como uma versão virtual dos jornais de papel, mas, aos poucos, foi crescendo até se transformar na opção informativa preferencial da população mundial, isso graças a influência daqueles que nasceram na era da internet.
A maciça adesão da juventude foi fundamental para alavancar o processo de estimular o costume da busca de informação via virtual. Aí prevalecendo o comodismo, a facilidade e a rapidez de acesso à notícia que o meio eletrônico oferece.
É verdade que ainda existe parcela significativa da população fiel à leitura no papel, e que abomina a tela brilhosa e inodora do computador. São aqueles que preferem continuar sentindo o cheiro de tinta, aliado ao prazer decorrente de folhear e dobrar a aspereza de cada página do jornal enquanto avança na leitura.
Esse costume se assemelha ao do escritor acostumado com a máquina de escrever, que a abandona para enveredar pela complexidade do computador por exigências decorrentes do avanço tecnológico.
Lamentável afirmar, mas a tendência da comunicação escrita é o mundo virtual. Tanto os jornais como os livros enveredarão pela virtualidade em razão do menor custo do produto manufaturado e em respeito ao meio ambiente massacrado pela derrubada de árvores. É tudo uma questão de tempo, e essa escolha já foi deflagrada e se consolidará mediante a adesão da geração-internet.
Por que jornais continuam com a publicação impressa mesmo explorando com melhores resultados comerciais o segmento virtual? Em primeiro lugar porque ainda dispõem de carteiras de anunciantes e classificados, além de interesses outros que lhes dão amparo para continuar com a tiragem impressa.
Aguardam, também, a consolidação total e inevitável da leitura virtual para saírem de circulação. A esse fato se aliarão a dificuldade de oferta e o custo proibitivo do papel-jornal, em decorrência da escassez de celulose no país.
Em Natal, o último jornal diário em circulação é a Tribuna do Norte, por anos seguidos considerado o mais importante do Rio Grande do Norte. Fundado em 1950, mantém um portal de notícias na internet desde 1997. Fecharam as portas o Diário de Natal, o Jornal de Hoje e, finalmente, o Novo Jornal.
O mundo encolheu com a internet e ninguém estancará a evolução da comunicação virtual. A teoria da notícia gratuita ganha espaço e adeptos. É tolice esperar qualquer reviravolta nesse processo. Da mesma forma é difícil aceitar que aqueles da geração anterior à internet se acostumem, de imediato, com essa mudança.
Prazeres tais como uma boa leitura num livro impresso ou bisbilhotar informações num jornal matutino durante o desjejum ficarão para trás. Paciência, mas esse é o preço que pagaremos para sermos aceitos no mundo virtual.
José Narcelio Marques Sousa – É engenheiro civil – jnsousa29@gmail.com
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