A ESCRITA DE MÉRO – Alberto Rostand Lanverly

A ESCRITA DE MÉRO –

Historicamente sempre tivemos alagoanos considerados bons escritores, pessoas que escrevem não somente com organização e clareza, mas de forma coerente, demonstrando bom domínio da nossa língua e esbanjando amplo vocabulário.

Um dia William Shakespeare em “O Monólogo de Hamlet”, disse mais ou menos assim: “Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre em nosso espírito sofrer pedras e setas, com que a fortuna, enfurecida, nos alveja, ou insurgir-nos contra um mar de provocações?”

Hoje tempos depois, ouso afirmar que para ser escritor é preciso não ser escritor. A todos os momentos somos alguma coisa, para logo a seguir deixarmos de ser aquilo o que éramos. Uma conclusão um tanto shakespeariana, mas eterna.

Existem pessoas, que apesar de exercerem inúmeras atividades, muitas vezes as mais diversas, para eles a escrita parece ser a companheira de todas as horas. Vazias ou ocupadas.

São criaturas facilmente comparadas aos que possuem dom especial para o desenvolvimento de determinadas artes. São verdadeiros alquimistas das letras, cuja inspiração nasce através de sonhos, da magia do fogo, ou até do voo de uma borboleta.

São verdadeiros caçadores de palavras que disparam tiros certeiros, e assim agindo concebe o parágrafo exato, sempre com o fácil domínio da língua trabalhada, seus detalhes, do mais despercebido significado até as sonoridades especiais.

Para ser escritor é necessário sempre ler. Não só livros publicados, mas livros impublicáveis e artesanais, blogs, bula de remédio, história em quadrinhos, propaganda de produtos de consumo, sinalizações, tudo que seja signo, significado, significante, verbal ou não-verbal, enfim tudo que ofereça uma forte bagagem de conhecimento à quem concebe escritos.

Para ser escritor em importante que escrever, não importa o lugar e o suporte: caderno velho ou novo, papel de pão, açougue, higiênico, pedra, chão, tijolo, madeira, papelão, parede, e até no computador.

Em minha concepção, na Terra Caeté dos dias atuais, poucos são aqueles que encarnam os atributos anteriormente comentados. Um deles é Carlos Barros Méro, marido, pai, avô, advogado, ocupante da cadeira de número dois da Academia Alagoana de Letras, autor de inúmeras obras dentre elas: O Chocalho da Cascavel, Dias Tenebrosos em Roma e mais recentemente Contos Covidianos, livros que para serem lidos basta se sentir o sopro, é suficiente tomar conhecimento do que se trata, o restante é como uma esfera metálica em queda livre solta do topo de um arranha céu.

Lendo Carlos Méro, facilmente se sente a paixão com que prepara seus escritos, admirando e amando o que faz, para então conseguir transformar esse sentimento em frases, conseguindo prender a atenção dos seus leitores, fazendo com que sintam enorme emoção, algo que seja capaz de atingir cada um em sua própria percepção.

Como leitor de Carlos Méro, acostumei-me a absorver dos seus relatos, uma explosão de sensações e ensinamentos, sendo suas palavras quase sempre fontes de admiração.

 

 

 

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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