A FOME NO MUNDO –

Estudo recente estudo o Banco Mundial(Bird) analisou a vulnerabilidade do progresso social na América Latina, incluindo o Brasil. Para os especialistas do Bird, “a conclusão é que à redução ocorrida na pobreza (pessoas vivendo com menos de U$ 5,5 por dia), no período de 2003 a 2014, que antecedeu à crise de 2014 a 2017, se deu muito mais em função de fatores cíclicos da economia, como por exemplo a variação dos preços das commodities, do que em relação a políticas sociais propostas por esses países”.

Na América Latina como um todo, esses componentes do ciclo econômico foram responsáveis por 46,0% na redução das pessoas que viviam com menos de U$ 5,5 por dia, enquanto que à redistribuição de renda, através de políticas e programas sociais, representou 35% dessa redução, ao passo que o crescimento desses países foi responsável pela queda de 19%.

Uma avaliação do crescimento da economia da Argentina feita pela UNICEF, mostra que “as crianças daquele país estão com o nível de ingestão de proteínas bastante inferior ao recomendado pela Organização das Nações Unidas(ONU), sobretudo num país em que antes se consumia carne, diariamente, das favelas às mansões”.

Naquele país, a crise começou a piorar em 2018, quando a moeda americana passou a valer o dobro do peso argentino. Hoje o desemprego está em 9%, com a taxa de emprego informal em 40%. Recentemente, o INDEC órgão análogo ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE),divulgou os números da pobreza, que cresceu 6% em um ano. Atualmente, 32% da população argentina está abaixo da linha de pobreza e 6,7% são considerados indigentes.

Neste contexto, os dados pertinentes ao Brasil também são preocupantes, haja vista que os componentes do ciclo econômico responderam por 54% das pessoas que saíram da pobreza, cerca de 39,6 milhões de indivíduos, ao passo que o programa Bolsa Família foi responsável por 33% dessa ascensão social, ficando a nossa capacidade de crescimento com 13% do total.

É bom lembrar que, num passado não muito distante, nosso país tinha 25 milhões de subnutridos e, em consequência, passamos a integrar o primeiro Mapa da Fome, elaborado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação(FAO). Naquela altura, os especialistas advogavam que, como produtor de alimentos, o Brasil teria condições de alimentar toda nossa população, o que não ocorria haja vista que os mais pobres não tinham renda para consumir.

Para o Bird, a pobreza entre nós aumentou 3%, no período de 2014 a 2017, o que equivale a dizer que em três anos 7,4 milhões de brasileiros incorporaram-se à pobreza no país. Ademais, numa visão realista os especialistas do Banco Mundial, questionam: se 39,6 milhões de pessoas saíram da pobreza no ciclo de prosperidade da economia internacional, que não mais existe, quantos poderão retornar à pobreza !  Para àquele banco de fomento serão 14 milhões de indivíduos, o dobro dos que ingressaram no período 2014 a 2017.

O fato é que todos concordam que com investimentos em educação, inovação tecnológica e modernização da indústria, poderemos retomar o crescimento com redistribuição de renda, afastando o pesadelo da pobreza. Só com o 130 da Bolsa Família não resolve !

 

 

Antoir Mendes SantosEconomista

 

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