A MAGIA DO CAVALO-MARINHO –
O cavalo-marinho tem a atração da beleza e sedução mágica. Cresce na fantasia, imaginação e na história humana. Transfere a quem dele se aproxima sorte, alegria e felicidade.
Felizes são os habitantes das zonas costeiras que podem conviver com esse tipo diferente de peixe. Todos os povos antigos que habitavam às margens do Atlântico, Pacifico e do Mediterrâneo encantaram-se com a sua forma de vida singular.
A Grécia antiga creditava aos cavalos-marinhos a honra de pertencerem ao cortejo do deus do oceano, Poseidon, Netuno entre os romanos. Os cortesãos marinhos eram grandes e possantes, nadavam lentamente como convém à sua alta nobreza.
Acreditavam os antigos que os cavalos-marinhos incorporavam a alma dos falecidos bons pescadores.
Três municípios do nosso Rio Grande – Macau, Guamaré e Galinhos – possuem águas mansas, quentes, rasas, mangues colossais. Têm as condições ideais para o abrigo da família de cavalos-marinhos.
Esses peixes são seres belos e únicos. Os ossos protegem, do lado de fora, os seus órgãos internos. Não têm estômago. Os machos possuem uma bolsa para receber o óvulo das fêmeas e fecundá-los com seu esperma. Tornam-se ainda mais belos os machos grávidos. Os olhos são independentes um do outro, movimentam-se com direção independente. Nadam com postura vertical.
No Brasil, o cavalo-marinho tem despertado a atenção de escritores de primeira linha. Clarice Lispector observa: “Ver um cavalo-marinho nadar é lindo: parece até homens e mulheres dançando devagar”. Lya Luft põe o cavalo-marinho nas Ilhas de Utopia, no normal, Mar do pensamento. E Vinícius de Morais coloca-os na “Verde espessura do fundo do mar nasce a arquitetura”. São também maravilhados Carlos Drummond de Andrade, Ariano Suassuna, Joaquim Cardozo.
Horácio Paiva, poeta de Macau e do Brasil, escreveu-me dizendo: “A Rota do Cavalo-Marinho é pura magia, a descoberta do óbvio encantado e encantador, como a chave da parábola do ovo de Colombo”. Cavalo-marinho é dança folclórica nordestina. O Poeta relembra sua mãe cantando: “Cavalo-Marinho/De onde é que vem? / Das praias de longe / Das terras do além”.
Devemos cuidar, com carinho e, talvez, com veneração, desses caballitos del mar. Afinal de contas, poderá estar vivendo em algum deles um querido parente falecido. E teremos a nos proteger o deus do oceano, por tratar bem o seu séquito.
Cavalo-marinho é símbolo natural das três cidades referidas. Multiplicadas imagens atrairão, com toda certeza, visitantes para o turismo ecológico.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN
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