A MEMÓRIA, A TRADIÇÃO E OS PORQUÊS DOS ESQUECIMENTOS –

Costuma-se afirmar que um povo sem memória e sem tradição, não tem história!

É um bando, que se esfacela no tempo.

As vivências dos seres são estratificadas nas cristalizações de seus legados, a marcar com o sinete da imortalidade as estórias de suas ancestralidades.

Miguel de Unamuno y Jugo já afirmava que a História é um conjunto de estórias. Um suceder de acontecimentos e narrativas, de mausoléus, de efígies, de zigurates, de piramidais edificações, de oráculos sem fim, de gentios civilizatórios, a marcar no orbe as suas crenças, seus pensares, suas genialidades num verdadeiro rosário temporal.

O Tempo não integra a Natureza, porquanto ele é mera criação dos homens.

A estatuária, a pintura e o escrever foram as formas que os povos encontraram para sedimentar seus registros sociais, a fim de que a memória de seus feitos, no decurso de gerações futuras, sobrevivesse.

A memória, fugaz e fugidia, bruxuleia e permeia a história, a feitio de um duende, que visita as criaturas, a relembrá-las dos esquecimentos e a cobrar de seus porquês.

Não podemos esquecer que no dia 30 de julho de 1986, faleceu um homem que dignificou a Cultura desta nação.

Porquê? Ora, porquê?

Porque Luís da Câmara Cascudo foi o William Shakespeare brasileiro, nascido na capital potiguar e deve ser enaltecido ad eternum pelo Brasil.

 

 

 

 

José Carlos Gentilli – Escritor, membro da Academia de Ciências de Lisboa e Presidente Perpétuo da Academia de Letras de Brasília

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