A NOTA NÃO RESISTIU AO TEMPO, MAS A PANDEMIA… –
Entendo que há tempo para se construir e difundir uma relação proporcional pouco clara para a população e seu pequeno estrato negacionista. Isso pode ser tão urgente quanto esclarecedor.
No entanto, antes das tolices críticas sobre a eficácia de quaisquer vacinas, ou ainda, o fato de se reforçar a necessária prudência junto aos grupos mais vulneráveis à contaminação (mesmo com a segunda dose), há uma questão quantitativa que não é explorada. Cabe explicá-la, no seu tempo.
Simples assim: quanto maior for o tempo em que o vírus se mantenha circulando, agora através das novas variantes, maior é o risco de surgirem casos graves, até mesmo no subconjunto imunizado. Ou seja, com a circulação do vírus ainda presente e o descuido a se revelar onipresente, a depender da reação orgânica de cada um, haverá sempre o risco de contaminação. Noutras palavras, estamos ainda por lidar com uma pandemia, não se trata de uma doença que esteja sob controle, por conta dos resultados quase sempre eficazes das vacinas.
Vou além nessa explicação. Doenças como varíola, tuberculose, meningite estão sob controle porque as vacinas foram eficazes. Os raros casos são tratáveis e se deram por conta de reações orgânicas pontuais que favoreçam a contaminação. Se fosse o caso de termos cada exemplo desse numa proporção significativa da população, teríamos o vírus ainda mais presente e daí o risco de se ter a perda do controle. Seria outro exemplo de pandemia.
Portanto, aos que resistem à ciência, seja no sentido egoísta do desrespeito à saúde pública ou no desconhecimento mínimo das estatísticas ou outros métodos de interpretação quantitativa, ainda há tempo de tomarem os devidos cuidados.
Alfredo Bertini – Economista e ex-secretário nacional do audiovisual e de infraestrutura do Ministério da Cultura