A POETISA DO “O POETA BISTRÔ” – 

O início da tarde, magicamente preguiçosa, marcava o reencontro de velhos amigos. Para tal, o local
escolhido traduzia plenamente o estilo de cada um dos casais: um lugar charmoso, ao ar livre, muito
verde (com destaque uma Pitangueira sombrosa), aconchegante e que trazia uma sensação de harmonia entre o simples e o belo. Perfeito para colocar em dia a conversa descompromissada, ao tempo também motivadora, para seguir confiante frente a um futuro cheio de interrogações e, porque não, preocupações naturais por quem já desfruta da convivência de filhos e netos.

Mesa escolhida, recorte transversal de um tronco que se assemelhava a um grande coração, deu a cada um de nós a visão de um lugar propício para esquecer as horas.

Boa tarde! “Aqui está o nosso cardápio e a carta de vinhos”.

Posso conhecer a adega da casa? Pergunta que faço sempre que convém a quem gosta de desfrutar dos aromas e sabores que encantaram os deuses Baco e Dionísio.

Encontrei uma variedade de vinhos com rótulos que chamavam a atenção pelas suas origens e que
denotavam, criteriosamente, exemplares que facilitariam a harmonização com os pratos ali servidos.

Um rosé, com média acidez, para abrir o apetite e “alimentar”; a boa conversa. Taças adequadas, temperatura certa, vinho aprovado.

Aos poucos fui conhecendo e avaliando cada serviço da equipe de atendimento, assim como entendendo a proposta do local onde a culinária, a arte, a música e a poesia se encontram para um deleite especial: O Poeta Bistrô, que funciona ali no Tirol, numa extensão da Academia de Belas Artes Jaime Lourenço.

“Quer conhecer os donos?”. Sim!

O casal Jaime Lourenço (professor de violino) e Renata Mesquita (cirurgiã-dentista), simpáticos, não só nos foram apresentados, como conversaram conosco detalhando toda a concepção do empreendimento que nos acolhia.

Como foi a escolha do nome, O POETA BISTRÔ?

“Sempre gostei muito de ler, Desde a infância era o meu lazer preferido. Comecei a escrever em homenagem a parentes e amigos em dias especiais. Depois comecei a escrever sobre tudo”

Assim, Renata Mesquita descreveu o porquê do nome e, da mesma forma, confessou que era amante de poemas e que os escrevia e guardava. Fiz um desafio: poesias não se guardam, pois elas sempre têm algo a compartilhar com alguém que está, certamente, esperando para nela se ancorar.

Pois então vamos ao poema da poetisa Renata Mesquita: ANTES DE TI.

ANTES DE TI
“Antes de ti, eu era pó.
Apiedou-se de mim o vento.
Me trouxe para tua margem.
Acordei semente.
Impetuosa, eu germinei.
Me proteges-te e alimentas-te.
Segura, deitei raízes.
Determinada, aprofundei-as.
Não havia para mim outro lugar.
Eu era tua. Só tua.
Desabrochei em flores.
Perfumadas. Delicadas.
Desejava assim ser gratidão.
Mas parecias distante.
Não me vias.
Em súplicas, abri novas flores.
Debalde.
Não percebias.
Desejei secar.
Fenecer.
Enfim, me cortaram.
Me libertaram do que eu não ousava ver.
Me tiraram o que eu nunca iria ser.
Tua. Simplesmente tua”

Um brinde ao “O Poeta Bistrô, ao casal Jaime e Renata, e ao duo 'violino e poesia”.

Mais um vinho, por favor!

 

 

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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