A PREFERÊNCIA NACIONAL –
O IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Publica, em colaboração com outros órgãos de marketing e estratégia de comunicação, realizou certa vez, uma pesquisa nacional a fim de avaliar a confiança do cidadão brasileiro nas instituições públicas e privadas, de um modo geral.
Das entrevistas, 86% demonstraram que se orgulham de ser brasileiros, e, no levantamento das instituições que inspiram a maior confiança alguns resultados foram surpreendentes. No escopo geral, a pesquisa ouviu duas mil pessoas de ambos os sexos, de todos os grupos de ensino, de diversas faixas etárias, em municípios de todos as regiões do país, nas capitais, periferias e interior, abrangendo ainda diferentes faixas de renda familiar. Pela ordem de classificação e pontos obtidos, a Marinha, a Aeronáutica e o Exército foram os que alcançaram os maiores índices de confiabilidade entre o povo brasileiro, vindo a, seguir, pela ordem, a Igreja Católica, rádios, jornais, televisão e Polícia Federal. A Justiça conquistou o 14º lugar, seguindo-se a classe dos empresários, o Congresso Nacional em penúltimo e os partidos políticos em último. Os dados referidos foram copilados da revista Nomar, edição do Serviço de Relações Públicas da Marinha, nº 699 de 05 de julho de 2001.
Que comentário devo fazer à respeito? Que ângulo da questão pode ser abordado, analisado, discutido?
A primeira dedução é a de que as Forças Armadas alçam a posição de liderança porque têm cumprido com o seu dever no âmbito dos seus quartéis, com discrição, sem alardes ou ostentação. O povo brasileiro não quer conviver com a impunidade reinante no judiciário brasileiro, daí o antepenúltimo lugar na pesquisa. Enquanto as forças Armadas punem, comportam-se sob a égide de uma disciplina severa com ordem e trabalho. O povo brasileiro não admite mais políticos desonestos corruptos, um Congresso tardinheiro, mutilado, votando leis casuísticas e em causa própria e, por isso, ficou no penúltimo lugar da preferência da confiança nacional. O povo repudia os partidos políticos sem representatividade, meros instrumentos de
negociatas e acomodações ilícitas e dessa forma é o último a merecer a confiabilidade entre dezessete instituições pesquisadas nos segmentos civil, militar, eclesiástico, empresarial e sindicalista.
A Marinha, o Exército e a Aeronáutica estão de parabéns. Não, apenas, porque são instituições permanentes mas, porque são povo também e inspiram disciplina, justiça rápida, honestidade de propósitos e de comportamento, virtudes raras e difíceis de se achar fora dos quartéis.
*Artigo publicado no livro “NOTAS DE OFICIO” – 2001.
Valério Mesquita – Escritor, Membro da Academia Macaibense de Letras, Academia Norte-Riograndense de letras e do Conselho Estadual de Cultura e do IHGRN– [email protected]