A REENGENHARIA SOCIAL COMO IMPOSTURA HERÉTICA –
“Sob o signo da secularização moderna cresce o complexo mundial que tudo abarca e se transforma em monstro ontológico de forma quase incompreensível”, escreve Peter Sloterdijk em Pós Deus. O Cardeal Ratzinger alertava que, para estabelecer-se, a Nova Ordem Mundial requeria anular o cristianismo, esvaziando-o de sua fé em Cristo e na Igreja, a fim de transformá-lo em mera doutrina de ajuda, solidariedade social ou filantropia. É a ideia de um novo paradigma, uma nova religião ou novos princípios éticos universais a fim de assegurar o desenvolvimento sustentável ou a sustentabilidade da humanidade, a “colonização da consciência”, escreve Juan Cláudio Sanahuja. Alimentam a corrente do processo civilizatório moderno a deturpação de princípios caros ao cristianismo, impulsionando uma série de pseudodireitos a serviço de políticas e ideologias. O conceito de saúde como um estado de bem estar biopsicossocial e não apenas ausência de doenças, alimenta caprichos, como parte do direito à saúde, que concitam o aborto, a esterilização, a eutanásia, a liberação de drogas, a manipulação genética, coloca Juan Cláudio. Uma das maiores batalhas travadas no âmbito da reengenharia social é a batalha semântica, onde a linguagem é remodelada, apagando o significado original, para permitir a imposição dos padrões sociais desejados. Paternidade responsável, tortura, direitos, as palavras se amoldam aos objetivos da dominação ideológica, como uma artimanha para que a reengenharia seja aceita sem protestos. Os abusos para garantir pseudodireitos chegam ao ponto de autorizar censura a qualquer material escrito ou intervenção oral que manifeste discordância contra as teses de gênero, sexualidade, cor, identidade, além disso, pela chamada discriminação reversa, abre-se campo para cotas e privilégios de toda natureza. São João Paulo II anotava: “vivemos uma crise em torno da verdade.” A criação de um diálogo interreligioso, na verdade, se trata de uma tentativa de impor uma nova ética montada no relativismo moral, no sincretismo e no panteísmo. Como pré-requisito para a reengenharia social e anticristã, a Carta da Terra, um documento respaldado pela Comissão de meio ambiente da ONU, prega um desenvolvimento sustentável amarrado em coisas estranhas como perspectiva de gênero e saúde sexual e reprodutiva. Com aval da UNESCO se busca uma ética de valores relativos, como uma forma de superar todas as religiões do mundo, com Deus sendo um estranho, sem existência ou transcendência em relação à criação. Nas palavras de Leonardo Boff “o que é necessário é a espiritualidade, não os credos e as doutrinas”. Marx afirmou que “a existência social determina a consciência”, Freud apontou a força dos instintos e do subconsciente em nossos comportamentos e ações. Há uma profunda crise social em relação ao respeito que merece a vida humana, da concepção à morte, da família como instituição duradoura entre um homem e uma mulher, onde os filhos são concebidos, nascem, crescem e são educados, e uma rejeição disfarçada, insidiosa, uma forma de heresia que leva os cidadãos à confusão e ao erro sobre princípios morais básicos. Nivaldo Cordeiro escreve “a dialética hegelianismo e depois a marxista dá foro filosófico e teológico a esse princípio que a negação é o motor da história e o homem é o elemento que permite a síntese criadora.” A sonsice de Marx ao falar contra a tradição judaico-cristã é tão somente o desejo de substituí-la pelo Marxismo e a revolução do proletariado, com a promessa da instalação na terra da paz, igualdade e fraternidade. Christopher Dawson, em O Julgamento das Nações, alerta que o progresso da civilização ocidental, pela ciência e pelo poder, podem levar a um estado de secularização total onde “tanto a religião quanto a liberdade desaparecem simultaneamente.” Assistimos isso com o socialismo científico, materialista e ateu, de Marx e Engels. Frei Agostini diz que ainda é necessário decifrar a pós modernidade e que indivíduo ela produz. E Cordeiro fecha: “O Mal opera no cotidiano e está à porta de cada um.”
Geraldo Ferreira – Pres. SinmedRN
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