A SELEÇÃO DE FUTEBOL DO RIO GRANDE, ANO DE 1962 –
Até a década de 1960, a CBD ( Confederação Brasileira de Desportos) hoje, CBF (Confederação Brasileira de Futebol), tinha em seu calendário de atividades esportivas o campeonato nacional de seleções estaduais.
O certame, era disputado de dois e dois anos e mexia de verdade com os nervos, os brios e os corações dos admiradores do futebol de suas regiões.
No ano de 1962, a seleção do Rio Grande do Norte, entrou em cena e em campo na competição nacional. O comando da comissão técnica foi entregue ao experiente e competente treinador Eugênio Barros, que dirigia na época, a boa e organizada equipe do Globo Futebol Clube, no campeonato da cidade.
Feita a convocação, foram iniciados os treinamentos. A equipe titular ficou assim escalada: Ribamar, Gaspar, Piaba, Berilo e Jacio; Clodoaldo e Jorginho; Cocó, Saquinho, Zé Maria e Ferreira.
Nosso primeiro compromisso foi com a boa e bem preparada seleção cearense.
O regulamento previa dois jogos, um em cada sede regional. Escolha feita através de sorteio (?). Ficamos como sede do primeiro jogo (nada bom!) .
O embate inicial, aconteceu em uma bela tarde de domingo no Estádio Juvenal Lamartine, super lotado com o apoio total e maciço da nossa torcida. Jogo bem disputado, terminando com uma bela vitória da nossa equipe, por um escore de 3X1, com dois gols de Saquinho e um de Zé Maria.
Na semana seguinte, viajamos para a capital cearense imbuídos de uma apresentação vitoriosa e uma louvável classificação.
O segundo jogo, foi realizado na tarde quente do domingo. Dia festivo na capital cearense; Estádio Presidente Vargas ( o PV), super lotado e torcida cearense vibrante e eufórica.
Na época, o arbitragem era local. O árbitro escolhido foi sua “excelência”, o super patriota, o paizão, Vicente Trajano.
Jogo iniciado diante de muita empolgação da torcida adversária; tecnicamente equilibrado e bom de ser visto.
Decorridos uns vinte minutos do início da partida, o nosso zagueiro Piaba, disputou uma jogada leal, porém ríspida, como de costume para um jogador viril e guerreiro como o caracterizava.
O árbitro, não teve contemplação e o expulsou de campo (na época não existia o cartão de advertência). O nosso goleiro Ribamar, indignado e não aceitando a expulsão, chutou a bola para longe do local da infração; o árbitro, não teve conversa e o expulsou também. O nosso treinador, foi obrigado a tirar um atacante, o ponta esquerda Ferreira, para entrada do goleiro reserva.
O rumo da partida mudou totalmente, a casa caiu, passamos literalmente só a se defender. Final da partida: uma “senhora” goleada de 6X1.
Com uma vitória para cada equipe, houve necessidade de uma terceira e decisiva partida. O embate foi marcado para a noite da quarta-feira próxima. O time, bastante abatido e abalado pelo resultado do jogo anterior, perdeu novamente pelo escore de 2X0. Assim, de forma melancólica e zero de moral, chegava o fim a nossa participação no campeonato brasileiro de seleções do ano de 1962.
Lembrança triste, amarga e dolorida para a história do futebol potiguar.
Berilo de Castro – Médico e escritor