A SOCIEDADE E AS ILHAS DO SABER –
Minhas senhoras, meus senhores!
Esta noite é de gala, de alegria, de encantamento cívico, quando a memória nos conduz ao mundo das lembranças! Misto de magia e recordações!
Encontramo-nos no Memorial JK, morada simbólica do criador da Capital da Esperança, reunindo amigos, literatos, criaturas que iniciaram Brasília ao lado do inesquecível Presidente Juscelino Kubitscheck, forjando uma nova sociedade na hinterlândia brasileira.
Estratificação de uma quimera. Realidade fantasmagórica de um sonho do maior educador do século passado – Dom Giovanni Bosco – que vislumbrou oniricamente, na noite de Santa Rosa de 1831, que entre os paralelos 15 e 20, nasceria uma civilização – Pátria do Mundo, Terra do Evangelho, de onde jorrarão riquezas mil.
Nós somos uma simbiose invulgar de homens que fizeram o passado, vivenciamos o presente e desejamos uma futuridade voltada para valores que transcendem a linha imaginária da espiritualidade.
Nessa plateia reencontro companheiros de jornada, pioneiros da primeira hora, mulheres e homens extraordinários que edificaram Brasília com os seus trabalhos, com suas inteligências, com suas energias, a todos os quais saúdo nesta noite memorável, reverenciando a figura do memorialista, escritor fecundo, historiador maior deste Planalto Central – o pioneiro José Adirson de Vasconcelos!
A Academia de Letras de Brasília, pela primeira vez em sua história, recebe a Academia Brasileira de Letras, sodalício maior deste país, regedora nacional da Língua Portuguesa, acolhendo o acadêmico Murilo Melo Filho, ilustre potiguar que nos honra com sua presença marcante. A propósito, o Presidente da Casa de Machado de Assis, acadêmico Cícero Sandroni, num gesto magnânimo, ponderou-nos que gostaria de indicar em seu lugar a figura do pioneiro de Brasília, jornalista e dirigente da sucursal da Manchete nesta Capital, ardoroso amigo de JK – nosso querido Murilo Melo Filho, de tantas lembranças e afetividade.
Obrigado, Presidente Cícero Sandroni, que num gesto de grandeza presidencial, de humildade e desprendimento entre seus pares, concedeu-nos o privilégio de contar esta noite com a figura legendária deste natalense que começou a trabalhar com a idade de 12 anos no Diário de Natal, com Djalma Maranhão, a seguir no jornal A República, convivendo diariamente com uma das maiores inteligências brasileiras – o sábio Luís da Câmara Cascudo que, se inglês fosse, seria um William Shakespeare; na Rádio Poti, com dois radialistas extraordinários, mais tarde baluartes na formação brasiliense – Edílson Cid Varela e Meira Filho, amigos que deixaram suas marcas indeléveis. Companheiro de jornadas com Assis Chateaubriand, San Thiago Dantas, Júlio Mesquita Filho, Prudente de Moraes Neto e o lendário Bloch, amigo inseparável de JK, responsável e líder na construção deste memorial que nesta noite nos abriga como uma energia metafísica, protetora da transcendência humana.
Obrigado, grazie tanto, Presidente Cícero Sandroni, por permitir que Brasília hospedasse, novamente, um dos pioneiros mais ilustres, defensor intransigente, ensejando que a Academia de Letras de Brasília tivesse o privilégio de recebê-lo meio aos seus pares, numa noite de luzes e encantamento literário.
Aqui construiu a Bloch Editores, edificou a Manchete, fincou suas raízes, plantou ensinamentos como professor de Técnica de Jornalismo na Universidade de Brasília, a convite de Darci Ribeiro e Pompeu de Souza, colhendo amigos para toda a vida, mostrando o rumo e a reta do porvir desta cidade, ao lado de educadores admiráveis, os quais louvo, enaltecendo a figura da professora pioneira e administradora da UNB – minha amiga Arilda Vilhena Válio!
Minhas senhoras, meus senhores, aqui se encontram alunos das faculdades de letras, aos quais
me dirijo especialmente, registrando a importância de seus labores intelectivos no desenvolvimento da cultura e da literatura nesse multifário continente chamado Brasil.
Para finalizar esta oração, busco na genialidade da mulher simples, goiana, do universo cultural da Meia Ponte, hoje Pirenópolis, uma mensagem esotérica de Cora Coralina, a nossa Aninha, de natureza reflexiva para todos, governantes e governados, eternos aprendizes do Saber:
“FELIZ AQUELE QUE TRANSFERE O QUE SABE E APRENDE O QUE ENSINA.”
Que o Criador nos ilumine.