A UCRÂNIA NO BRASIL – 

A Ucrânia nunca foi uma potência militar, mas é uma potência cultural. O seu povo é, sobretudo, dedicado à literatura, às artes, às ciências.

Anos passados, tive o privilégio de visitar Kiev. Inimitável é a Catedral de Santa Sofia, cujo nome indica sabedoria. Impossível relembrá-la sem emoção estética. Tem uma dezena de cúpulas ouro, douradas, arquitetura multifacetada, com cenas bíblicas maravilhosas no seu interior, em azulejos e afrescos. Está para completar mil anos da sua criação.

O maior herói do país é um poeta, Taras Shevchenko. Sua estátua, em frente à valorosa universidade, honra o seu nome. O visitante se impressiona com o museu de microminiaturas. Entre os objetos expostos, um fio de cabelo descolorido tendo uma flor no seu interior, que se pode ver com o auxílio de um microscópio; um zig zig, libélula, tem nos seus olhos dois relógios funcionando; uma pulga calça sapatos, de ouro.

A Ucrânia deu ao mundo personalidades e descendentes notáveis. Incluindo Steven Spielberg, o cineasta, ganhador de três Oscars, que encantou o mundo com fantasias e comoveu com o drama “A Lista de Schindler”.

Imigrantes e suas novas gerações são mostra de um Brasil melhor. A população (80% da cidade de Prudentópolis), no Paraná, conserva costumes e tradições ucranianas. Lá, Shevchenko é lembrado por monumento com sua imagem. Outro Estado celebra o poeta em União das Vitórias.

A maior escritora brasileira, linda, enigmática e sedutora, Clarice Lispector, que se disse nordestina, nasceu na Ucrânia. Adolpho Bloch construiu um império da imprensa com a “Manchete”, valorizou o Brasil, inclusive através do seu amigo potiguar Murilo Melo Filho. Seu primo, o admirável Pedro Bloch, autor de mais de cem livros, veio a Natal com a missão específica de entrevistar Câmara Cascudo. No casarão, pediu água. Nosso Mestre o homenageou fazendo-o beber em copo de prata, que pertencera a seu pai. O arquiteto Gregori Warchavchik, amigo de Anita Malfatti, Villa-Lobos e Mário de Andrade, inovou a construção no Brasil, trabalhando, inclusive, em parceria com Lúcio Costa.

Um dos mais louvados regentes de música foi Roberto Minczuk, dirigiu a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e a Orquestra Sinfônica de São Paulo. Foi convidado a reger nas principais orquestras do mundo, de Nova Iorque a Oslo.

Agora, Putin, o antigo participante da sanguinária polícia secreta russa (KGB), resolveu arrasar essa nação pacífica, sem poupar mulheres e crianças. Ainda ameaça todo o mundo ocidental. Putin é quase um palavrão e, para muitos, mais que um palavrão, começa a satisfazer o seu sonho de retorno à falida União Soviética. Ele sabe que nenhum país ousará enfrentar o poderio bélico da Rússia. O Ocidente limita-se a promover sanções econômicas com a finalidade de forçar a retirada da tropa invasora.

Somente a intercessão de Santa Sofia, protetora da pele humana, das mães e das viúvas, poderá salvar a cultura e a própria existência dessa nação.

 

 

 

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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