Adauto José de Carvalho Filho
Eu sou apolítico.
Não sou afiliado nem devo favores a nenhum dos P e seus nobres representantes. Para mim PT, PSDB e todos os demais P engrossam a genealogia do PQP.
Eu gosto de reafirmar minha condição pessoal para poder abordar o mais grave dos defeitos dos brasileiros: a passionalidade. A acusação como forma de defesa é a mais deplorável forma de expressão do direito.
É a culpa silente.
É o reconhecimento de que o erro se tornou tão comum, tão banal, que o suposto criminoso poderá ser salvo pela generalidade, pela banalidade, ou seja, se todos fazem da forma tipificada nas investigações, tais fatos não podem ser crimes.
É o mais antigo de todos os cadafalsos usados pelos homens poderosos em toda a história de todas as repúblicas brasileiras. O petrolão mostrou essa farsa de forma clara e de troco a passionalidade do cidadão brasileiro, em especial, do eleitor brasileiro, que empresta sua tola credulidade para criar argumentos pró ou contra A ou B.
As redes sociais estão bombando e se bombardeando.
Meras bombas de efeito. O PT comemora cada aparição de uma possível participação de um oposicionista no escândalo do petróleo. A oposição salga todas as participações dos governistas no escândalo que deixou de cabelos arrepiados até brasileiros.
Onde estaria então o erro?
Na passionalidade.
Não importa em qual P é afiliado o suposto beneficiário do esquema. Se for comprovada a culpa (aí onde mora o perigo), cadeia nele. Se for do PT, cadeia; se for do PSDB, cadeia; se for dos demais P, cadeia neles. Vamos ter dignidade e desprezar os achincalhadores da República Brasileira.
Lugar de Ladrão é na cadeia e se alguém for condenado por roubo é para ir para a cadeia sim senhor. Pena que as leis brasileiras só deixaram de fora de prisões especiais os três P: preto, pobre e prostituta. O restante tem direito a cela especial e a maioria a fórum especial.
Aí é que não entendo. Em qualquer país do mundo ninguém quer chegar de sã consciência às estâncias judiciais superiores, supondo que nas altas cortes o direito seja efetivamente respeitado. Não vou prejulgar, mas pela quantidade de escândalos que explodiram a nação de forma tenebrosa e a quantidade de pessoas julgadas, condenadas e cumprido a pena, é mínima. Alguns passeios de camburão, fotos para imprensa e só. Ficamos diante de um dilema: ou a acusação é ruim, ou o julgamento é tendencioso.
Voltemos ao petrolão.
A quantidade de dinheiro que é anunciada todos os dias como desviada da maior empresa brasileira chega ao limite do inimaginável, os delatores mostram os esquema de distribuição do dinheiro, os corruptores foram presos e confirmaram o propinoduto e, alguns até devolveram o dinheiro (acreditem se quiserem), pasmem, só há dúvida em relação aos corrompidos. Não estou brincando. Paira no ar se houve desvio ou não por alguns ícones republicanos dos recursos da Petrobrás.
Vamos deixar do deixa disso, uma ultrapassada postura para brigas de comadres e compadres. Somos um Estado e obrgados ao mínimo de decoro. Se houve roubo, cadeia. Presidente, Vice-Presidente, ex-Presidente, Senadores, Deputados, Governadores, Prefeitos, Funcionários Públicos altos e baixos, Porteiros, Pretos, pobres e prostitutas, não importa. Foi envolvido? Ficou comprovado? Cadeia!
Cadeia!
E sem esquecer as demais penas decorrentes: multa, perda de cargo público que excerça, devolução do dinheiro roubado, cassação dos direitos políticos pelos próximos 500 (brincadeirinha) anos e tudo o que tiver direito.
O que não pode é se viver em uma nação onde, em pleno Congresso Nacional, uma seção é interrompida por que soltaram no recinto alguns ratos bichos e foi considerada uma ofensa, inclusive com direito de demissão do gozador. Nada contra. Eu não entendo de ratos. Agora os brasileiros podem conviver diuturnamente com as mais nojentas denúncias de desvio de recursos públicos e os personagens, culpados ou não, passam a condição de estrelas, afinal se trata apenas de roubo da rês pública.
Meus amigos brasileiros.
Mudemos a nossa forma de ver o que acontece ao nosso redor. Deixemos a passionalidade de lado e acreditemos na justiça e nos regozijemos por todos os culpados que forem presos, quer sejam do seu P favorito ou não. Ladrão não tem P, tem L. E o que nos resta, em um contexto tão espetacular, é almejarmos uma limpeza gradual de toda essa sujeira e, que sabemos, só será exequível daqui a 30 anos; a sinonímia de homem público volte a ser honra, vergonha, brasilidade, honestidade, decoro com a função que exerce e uma série de outros adjetivos que seriam banais citar.
O que interessa ao cidadão é a pátria.
Os vilipendiadores da coisa pública não merecem consideração, mas cadeia. Já começaram a bombardear o Juiz Moro. É a técnica dos desesperados. Realço a coragem desse juiz e a forma como conduz o inquérito. O poder judiciário existe para ajustar as lides e não as redes sociais.
Não confundam e não se confundam.
As redes sociais devem ser usadas em benefício da coletividade e não em defesa de malfeitores. Deixemos de ser otários, respeitemo-nos em nossa brasilidade, tenhamos o mínimo de orgulho pessoal, não sejamos tão ideologicamente venais ou, como se diz aqui pelo nordeste deste continente brasileiro, enquanto houver cavalo São Jorge não anda a pé…
Ou, para quem preferir de jatinho (e tiver cacife), mesmo a Presidente proibindo. E quem atende a reclamos da Presidente de um país que já não houve nem o eco do próprio falso e teatral proselitismo.
Adauto José de Carvalho Filho, AFRFB aposentado, Bacharel em Direito, Pedagogo, Contador, Escritor e poeta).