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Ações da Americanas voltam a despencar e passam por leilões após obter proteção contra credores

Vista parcial interior das Lojas Americanas do Shopping Iguatemi, zona sul da cidade de São Paulo. — Foto: Mônica Zarattini/Estadão Conteúdo/Arquivo

As ações da Americanas voltaram a desabar nesta segunda-feira (16), enquanto agentes financeiros avaliavam os desdobramentos das inconsistências contábeis anunciadas na semana passada e após a empresa ter conseguido decisão liminar de proteção contra credores na última sexta-feira.

Por volta de 11h20, os papéis tombavam 39,68%, a R$ 1,90, pior desempenho do Ibovespa, que recuava 1,67% no mesmo horário. As ações da companhia entraram em vários leilões ao longo da manhã. O leilão é um “mecanismo de defesa” que interrompe as negociações comuns para tranquilizar momentos de variação bruta de papéis na bolsa.

No setor varejista, Magazine Luiza avançava 8,16% e Via tinha alta de 6,75%.

No pregão antes do anúncio sobre os problemas fiscais, que resultaram na renúncia dos recém-empossados presidente-executivo e vice-presidente financeiro, os papéis da Americanas valiam R$ 12.

A Americanas obteve na sexta-feira decisão da Justiça protegendo-a por 30 dias contra vencimento antecipado de dívidas, prazo que a varejista poderá usar para obter uma acordo com credores ou pedir uma recuperação judicial.

Eventuais alterações no balanço da varejista decorrentes do anúncio das inconsistências de R$ 20 bilhões, segundo a decisão, “poderão repercutir no grau de endividamento da empresa e no capital de giro mínimo (…) acarretando o descumprimento de cláusulas de covenants financeiros culminando no vencimento antecipado de dívidas da ordem de R$ 40 bilhões”.

Para a Genial Investimentos, todos os pontos de valor da Americanas estão indo “ralo abaixo”. Eles destacaram piora na alavancagem financeira, encarecimento do custo de capital, compressão de margens e dúvida sobre crescimento de receita, conforme nota a clientes.

“Essa será mais uma semana turbulenta para os acionistas de Americanas e reiteramos nossa recomendação de ‘não pegar a faca caindo'”, afirmaram.

Eles avaliam que, para ganhar liquidez, além de uma capitalização de acionistas de referência, a varejista poderá colocar à venda dois de seus ativos valiosos para a tese de investimento nas ações – sua parceria com a Vibra, Vem Conveniência, e o Hortifruti Natural da Terra.

Para a XP, a Americanas trabalhará em dois caminhos. O primeiro, a negociação de uma injeção de capital com os bancos, que eles estimam entre R$ 10,6 bilhões a R$ 20,6 bilhões.

Outra rota considerada pela XP é a organização dos documentos necessários para pedido de recuperação judicial, “o que pode ser considerada a alternativa mais provável, dado o tamanho da dívida da Americanas e da potencial necessidade de capital, além do número de credores envolvidos”.

As agências de classificação de risco Standard & Poor’s e Fitch cortaram na sexta-feira as notas de crédito da Americanas, após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ter aberto dois processos para investigar a varejista. Minoritários também denunciaram Americanas à CVM, pedindo que as apurações englobem a empresa de auditoria PwC, responsável por analisar os balanços contábeis da companhia.

Bancos

No fim de semana, o BTG Pactual recorreu da liminar que protege a Americanas dos credores, segundo documentos vistos pela Reuters. Os advogados do BTG argumentam que a liminar determina ilegalmente o estorno de um pagamento feito pela Americanas ao BTG.

A ação do BTG caía 4,01%, a R$ 21,32, na ponta negativa do Ibovespa. Analistas chamavam a atenção para a exposição do banco e de outras instituições financeiras à Americanas.

Com base em casos anteriores, analistas do JPMorgan estimam que os bancos devem começar a provisionar cerca de 30% da exposição à Americanas, o que pode eventualmente subir a depender do desfecho de eventual pedido de recuperação judicial.

“Embora tivéssemos provisões crescentes no próximo ano para a maioria dos bancos, nossos números ainda não refletem um caso corporativo tão significativo”, afirmaram Domingos Falavina e equipe em relatório a clientes com data de domingo, que não veem grande impacto no nível de capital dos bancos.

“Não foi um bom começo para 2023, mas os bancos podem tentar antecipar as provisões já no quarto trimestre (de 2022) e começar 2023 com uma ficha limpa.”

Fonte: G1

Ponto de Vista

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