ACONTECEU O PREVISTO –

Em crônica passada, levantei a bola do que poderia acontecer no pós-campanha política municipal, no pós-festas de final do ano e no pós-carnaval.

Não deu outra. A partir do mês de janeiro passado, começou a estourar a barragem da pandemia.

Hospitais, UTIs, UPAS, Prontos-socorros, Clínicas, todas saturadas com filas e mais filas de pacientes esperando vagas para atendimentos.

Algumas Casas de Saúde já de portas fechadas. Pacientes morrendo em casa por falta de leitos nas UTIs e, também, sem a menor chance de internamentos em leitos de enfermarias e de apartamentos.

Estamos vivendo um verdadeiro horror com o pânico instalado. Tudo já estava sendo esperado, nenhuma surpresa; o desenho já estava exposto na prancheta. Não por falta de avisos, que foram muitos e repetitivos. Nada foi feito e pouco foi cumprido das normas sanitárias exigidas pelos gestores da saúde. Houve, sim, medidas de relaxamento com fechamento de hospitais de campanha. Uma lástima, um despreparo imensurável.

O bom senso não prevaleceu, o que ficou, o que valeu, foram os descasos das autoridades públicas mantendo as eleições municipais em novembro/2020, o amolecimento dos órgãos de segurança em não evitar as aglomerações festivas no final de ano e, finalmente, o carnaval com muitos foliões que de maneira irresponsável deitaram, rolaram e cantaram bem juntinhos nas praias de Pipa, São Miguel do Gostoso e Ponta Negra.

Somente hoje, com o pânico e o pavor instalados, vem o Decreto com o “toque de recolher”. Mas por que só agora?

Hoje, somos ranqueados entre os estados com maior índice de contaminação, disseminação e mortes. Atingimos e chegamos, sim, ao fundo do poço, pela falta de planejamento, de bom senso e, mais ainda, pela total e cruel irresponsabilidade de uma parte da população que rasgou e jogou no lixão as normas sanitárias, a maior, a mais simples e a mais correta maneira de combater e evitar a contaminação pelo coronavírus: o confinamento,  o distanciamento social, o uso correto da máscara, a higiene das mãos com água e sabão ou com álcool em gel – e pronto!

O momento não é mais de surpresa! Aconteceu o previsto.

 

 

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor,  [email protected]

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