Um advogado acusado de transmitir recados entre membros de uma facção do Rio Grande do Norte foi condenado a uma pena de 4 anos e 9 meses de reclusão, além de multa, pelo crime de organização criminosa armada. A sentença foi publicada na tarde de quarta-feira (22).
O homem foi denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte após ter sido preso na operação Carteiras, deflagrada no ano passado. Segundo as investigações, ele transmitia bilhetes e “salves” entre integrantes de uma facção criminosa que atua dentro e fora de unidades prisionais.
Outra advogada que também foi alvo da operação foi condenada no último dia 15 de março pelo mesmo tipo de crime.
A pena deverá ser inicialmente cumprida em regime semiaberto, em prisão domiciliar, com o uso tornozeleira eletrônica. O advogado também foi proibido de manter contato com os demais acusados nas ações penais da operação Carteiras; não pode usar aplicativos de mensagem instantânea, nem aparelhos eletrônicos como celular, notebook, ou tablet, a fim de evitar que mantenha contato com os demais integrantes do Sindicato do Crime do RN.
A operação Carteiras foi deflagrada no dia 8 de julho de 2022. Durante o cumprimento do mandado de busca pessoal no advogado, foram encontrados bilhetes no paletó dele que comprovaram que ele era mensageiro de líderes da facção criminosa.
Para o MPRN, o advogado utilizava as prerrogativas profissionais para integrar a organização criminosa Sindicato do Crime do RN na função de “gravata” – como são chamados advogados que transmitem recados da facção – pelo menos de dezembro de 2021 até julho de 2022.
Ainda segundo a denúncia, ele repassava recados e diretrizes de lideranças presas para membros soltos, e também o inverso, auxiliando nas ações criminosas. Na denúncia contra o advogado, o MPRN disse que ele “é, sem dúvidas, um importante elo de conexão e promoção do Sindicato do Crime do RN. Sem ele, as ordens e os decretos não são repassados e o grupo perde força, especialmente diante do encarceramento de lideranças há anos”, disse o MP.
Além de repassar os recados e salves, o MP disse que ele também oferecia “consultoria” para assuntos ligados aos faccionados, para o funcionamento e a manutenção da organização criminosa.
Um bilhete apreendido com ele também comprova a ligação entre a organização criminosa do RN e uma facção baseada no Rio de Janeiro. Nessa mensagem aos criminosos potiguares, os faccionados fluminenses cobravam mais rigor no cometimento de crimes e no controle dos integrantes.
Carteiras
A operação Carteiras cumpriu seis mandados de prisão preventiva e outros quatro, de busca e apreensão, nas cidades de Natal, Parnamirim, Extremoz, Nísia Floresta. Os mandados foram cumpridos nas residências dos advogados, em um escritório de advocacia e ainda nas penitenciárias estaduais de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga.
Na semana passada, outra advogada presa na operação Carteiras foi condenada. Ela teve a pena fixada em quatro anos, nove meses e cinco dias de reclusão e 16 dias-multa, considerando o dia multa equivalente a 1/30 do salário-mínimo em vigor ao tempo do fato. Ela deverá inicialmente cumprir a pena de reclusão em regime semiaberto.
Além dela, dois presos também receberam condenações. Os três trocavam mensagens através de bilhetes e conversas pessoais, estabelecendo a comunicação dos chefes da organização criminosa com outros integrantes que estão nas ruas.
Ataques promovidos pela facção
Desde o dia 14 de março, o RN sofre com ataques a prédios públicos, veículos e ônibus do transporte público, em mais de 50 cidades cidades, orquestrados pela facção criminosa Sindicato do Crime, segundo o governo do estado. A motivação, segundo a Secretaria de Segurança Pública, seria o controle mais rígido nos presídios do estado.
Fonte: G1RN