Está em destaque nos subtítulos dos principais jornais do Sudeste desta semana, enunciados referindo à disparada do dólar, em razão do “resultado de pesquisa Ibope para a Presidência da República”. Ora, pois, esse termômetro econômico, como diriam os comentaristas do dinheiro, teria ficado insensível diante de uma eleição direta? Será que uma eleição indireta com indicação política em consonância com o mercado faria melhor ao pregão da Bolsa?
Exageros à parte, o que se tem de nítido é que ocorreu a reação dos investidores que estão de olho nos indicativos e falas dos candidatos ao Planalto. E, para esses analistas de investimento, eles consideram que o cenário está incerto com relação a propostas de reformas fiscais, e, de relevo, à da Previdência. Mas em sentido inverso o que se contempla é uma pressão de pontos de vista sobre os candidatos para que (todos) afinem suas trombetas aos acordes dos investidores.
E não é pouco o risco para a administração federal futura. O dólar em alta reflete praticamente, ou em boa parte, a economia do país, desde importações de eletrônicos, essenciais para o cotidiano das pessoas, ao trigo que resulta no pão quentinho das manhãs e tardes do brasileiro, por exemplo. É sabido que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, no entanto, com o trigo é diferente. Para a produção do pãozinho francês do nosso consumo diário, as empresas necessitam adquirir o cereal no mercado internacional, que é cotado em dólar. Como podemos ver agora com a moeda norte-americana ascendendo para R$4,00. Existe o impacto no preço do pão, que fatalmente será repassado ao consumidor. Na certa surgirão notícias de protestos da população, diante desse cenário indigesto.
E a inflação, que ao longo do ano poderá alterar o humor com que festejamos os avanços conquistados há mais de 20 anos, que mede o aumento generalizado dos bens e serviços. Em suma, o aumento recorde do dólar pode sim ter relação com a administração futura, mas atrelar ao enfoque democrático, tenho minhas dúvidas. Querer afirmar que um candidato será melhor que outro para uma ótica futura, creio, pode igualmente induzir em parte o eleitor. A neutralidade democrática, em todo senso, pode estar sendo posta à prova com tais manchetes, até induzidoras, na pauta saída das mídias escrita e televisiva. O debate está aberto.