A Agência Espacial Europeia (ESA) lançou na manhã desta sexta-feira (14) a sonda espacial Juice, que tem como destino o maior planeta do nosso Sistema Solar, Júpiter.
Inicialmente marcado para a última quinta-feira (13), o lançamento foi adiado para hoje, devido às más condições climáticas.
A sonda foi lançada com sucesso da base europeia de Kourou, na Guiana Francesa, perto das 9h15 da manhã no horário de Brasília.
Acrônimo em inglês para Explorador das Luas Geladas de Júpiter, a Juice vai demorar oito anos para chegar ao seu destino, que está a uma distância da Terra que oscila entre 640 e 900 milhões de quilômetros.
“É um dos objetos espaciais mais complexos já enviados ao sistema solar externo”, destacou o diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher.
Construída pela Airbus, a sonda leva dez equipamentos específicos (câmera ótica, espectrômetro, radar, magnetômetro…), protegidos das temperaturas extremas – em especial do poderoso campo magnético de Júpiter – por uma cobertura de isolamento de múltiplas camadas.
A sonda também está equipada com imensos painéis solares de 85m², para conservar a potência em um ambiente onde a luz do sol é 25 vezes menor do que na Terra.
A chegada está prevista para julho de 2031. A viagem se anuncia sinuosa, já que a sonda terá que realizar complexas manobras de assistência gravitacional, que consistem em utilizar a força de atração dos outros planetas como uma catapulta.
Primeiro realizará um sobrevoo Lua-Terra, depois irá em direção a Vênus (2025), voltará à Terra (2029), antes de tomar seu impulso em direção ao maior planeta do sistema solar e às suas quatro maiores luas, descobertas por Galileu há 400 anos: a vulcânica Io e suas três companheiras de gelo Europa, Ganímedes e Calisto.
Oceanos de água em estado líquido
O sistema de Júpiter tem “todos os ingredientes de um mini-sistema solar”, diz Carole Mundell, diretora de ciências da ESA. Sua exploração “facilitará os estudos sobre como funciona nosso sistema solar e como se formam os planetas. E vai conseguir finalmente responder a pergunta: “Estamos sozinhos no universo?”, acrescentou a astrofísica.
O objetivo principal da Juice não é encontrar propriamente vida, mas sim ambientes propícios para seu surgimento. Apesar de Júpiter, planeta gasoso, ser inabitável, suas luas Europa e Ganimedes são candidatas ideais: sob suas superfícies de gelo, há oceanos com água em estado líquido e apenas em água nesse estado é possível o surgimento de vida como conhecemos.
Após três anos sobrevoando em repetidas ocasiões Europa, Calisto e Ganímedes, Juice entrará na órbita de Ganímedes em 2034. Essa lua de Júpiter é o maior satélite do sistema solar e o único que possui um campo magnético.
No ano que vem, a Nasa lançará outra missão ao sistema jupiteriano, a Europa Clipper, com destino a esse satélite e que vai chegar um ano antes da Juice, por fazer um caminho mais curto e ter um foguete impulsor mais poderoso.
Missões espaciais anteriores sugerem a presença, sob as espessas camadas de gelo, de um gigantesco oceano, “de várias dezenas de quilômetros, muito mais profundo que os oceanos terrestres”, disse Josef Aschbacher.
Uma das perguntas é saber se a água em estado líquido interage com o fundo rochoso para dissolver elementos com potencial nutritivo, uma das condições para o desenvolvimento de um ecossistema.
Com um custo total de 1,6 bilhão de euros (cerca de 1,7 bilhão de dólares, 8,4 bilhões de reais), Juice (Jupiter Icy Moons Explorer) é a primeira missão europeia a explorar um planeta no sistema solar externo, que se inicia depois de Marte.
Fonte: G1