Agricultores franceses voltaram a protestar nessa segunda-feira (18) contra o acordo de livre comércio que está sendo negociado entre a União Europeia e o Mercosul.
Os bloqueios nas estradas francesas começaram no domingo (17). Agricultores franceses se queixam da concorrência estrangeira, principalmente de produtos do Brasil e da Argentina.
Dezenas de milhares de fazendas na França, o maior produtor agrícola da União Europeia, estão com problemas financeiros.
O clima no território francês piorou ainda mais depois de chuvas torrenciais que atingiram as colheitas, e de surtos de doações no gado. O acordo facilitaria a entrada na Europa de produtos como carne bovina, frango, açúcar, milho e derivados da soja, como ração animal.
A União Europeia teria mais acesso aos mercados da América do Sul para produtos como vinho, queijo, leite em pó e azeite de oliva.
No domingo (17), em entrevista à GloboNews, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que as negociações estão na reta final.
Nesta segunda-feira (18), alguns agricultores voltaram para casa com os seus tratores, depois que o presidente Emanuel Macron declarou que mantém a oposição à versão atual do acordo. Mas grande parte prometeu continuar os bloqueios nesta terça-feira (19).
O ministro da Agricultura da Itália manifestou o apoio à posição da França, e disse que o acordo deveria submeter os agricultores de Mercosul às mesmas restrições impostas aos europeus.
Nesta segunda, em uma reunião em Bruxelas, o ministro espanhol retrucou: no momento atual, a Europa não pode se dar ao luxo de se isolar.
No Rio de Janeiro, onde participa da reunião do G20, o primeiro-ministro da Alemanha defendeu o acordo. Olaf Scholz disse que acordos como esse precisam ser aprovados por maioria simples, sem poder de veto. E disse: “alguns poucos indivíduos não podem paralisar tudo. Isso é inaceitável”.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse que a expectativa do governo brasileiro é de que o acordo seja anunciado na cúpula do Mercosul, mês que vem.
“A gente tem que compreender o posicionamento dos franceses, eles tão defendendo os interesses dos seus produtores locais que certamente veem nos produtores brasileiros maior eficiência e maior produtividade (…) “mesmo com a resistência francesa, eles vão acabar recebendo pressão, inclusive do bloco, que tem interesse nessa formalização. E por isso a expectativa então da sua formalidade”, pontua Carlos Fávaro.