Indiscutível a importância da água. Sem água, a vida perecerá. O tema, portanto, é rigorosamente vital e, em consequência, merece fundada e criteriosa preocupação, sobretudo, diante de duas realidades próprias do Rio Grande do Norte: a) cerca de 147 – de 167 – municípios estão no semiárido; b) os grandes reservatórios estão secos ou com pouco volume d´água.
Se existe pouca água, em decorrência, a primeira providência é melhorarmos a gestão. Certamente há muito que celebrar nas últimas décadas, sobretudo, no Rio Grande do Norte com a criação, ainda nos anos 90, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Mas, o processo de melhoria da gestão é contínuo e desafiador.
Neste sentido, uma das regras mais conhecidas: aprender com quem faz e, em regra, melhor. Israel, por exemplo, tem muito a nos ensinar. Recentemente, por oportuno, o Embaixador daquele país esteve em Natal. Conversamos com o Dr. Yossi Shelley e, mesmo em pouco tempo, foi muito rico o encontro no sentido de percebermos o quanto Israel já avançou no que se refere à gestão, aproveitamento e otimização de seus recursos hídricos. O Embaixador, inclusive, registrou a possibilidade de o Rio Grande do Norte, que tem um litoral superior a 400 km, em ter um projeto de dessalinização a partir das águas do mar.
Israel, que tem uma área territorial de, aproximadamente, 22.072 km², bem menor que o Rio Grande do Norte, e 8.5 milhões de habitantes, sendo que 60% do seu território é deserto e, o restante, árido, em até 20 anos terá todo o consumo assegurado pela água dessalinizada. Em uma área relativamente pequena e severamente alcançada pela pouca oferta d´água, Israel tem cerca de 14 mil fazendas irrigadas, mais de mil complexos industriais e uma economia pujante. Consegue 55% de sua água doméstica através da dessalinização. Certamente não faltou planejamento, uso da tecnologia, investimentos e gestão. Não é sem razão que já está planejando os próximos anos, considerando a previsível queda do volume de chuvas.
Por sua vez, o Relatório da Situação Volumétrica dos principais reservatórios do Estado, divulgado pelo Instituto de Gestão das Águas do RN (IGARN) no início da semana alerta que “dos 47 reservatórios com mais de 5 milhões de metros cúbicos: 19 estão em volume morto e 11 estão secos – 40,42% dos mananciais potiguares estão em volume morto e 23% secos”. A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, segundo a mesma fonte, atualmente está com 282.267.266 milhões de metros cúbicos, o que corresponde em termos percentuais a 11,76%. Cenário, portanto, de preocupação.
O Sistema FIERN, mais uma vez, se coloca à disposição no que lhe cabe e naquilo que for possível para colaborar. Aliás, no projeto MAIS RN há uma relação de obras estruturantes sugeridas que, de fato, já é um bom roteiro para aprofundarmos o planejamento do que é necessário fazer, considerando a água um bem maior e inerente ao desenvolvimento, sem prejuízo de eventual plano emergencial diante do indesejado inverno irregular em 2018.
Amaro Sales de Araújo – Industrial, Presidente da FIERN e do COMPEM/CNI.