AÍ, O BICHO PEGA! –
Chegando em Natal, depois da minha pós-graduação na Universidade Federal da Bahia (UFBA), no ano de 1971, fui aos poucos me organizando funcionalmente. Já fazia parte do quadro funcional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), desde o ano de 1964, lotado na Faculdade de Farmácia, como Preparador de Laboratório.
Fiquei em regime de espera “stand by”, aguardando o edital de convocação para concurso público, para a cadeira de Nefrologia do Departamento de Medicina Clínica da UFRN.
No ano de 1972, foram abertas as inscrições por chamada pública e, logo em seguida, as provas realizadas. Aprovação em primeira colocação.
No mesmo ano, fui chamado pelo Estado (Secretaria de Interior e Justiça), para assumir, na condição de Clínico Geral, o Serviço Médico Ambulatorial do Complexo Penitenciário e Agrícola Dr. João Chaves.
Permaneci por doze anos chefiando o serviço. Uma rica experiência de vida pessoal e profissional, de dimensão inigualável.
Tempo bom. Não existiam as temíveis e perigosas facções criminosas; tempo que a inocente maconha era o único bálsamo tranquilizador dos pavilhões.
Convivi e presenciei muitos causos, alguns super inusitados. Vejamos um deles:
Certa manhã de expediente, fazendo atendimento ambulatorial de rotina, sou avisado pelo meu atendente que o apenado Guabiraba queria falar comigo. OK! Tudo certo. Assim que acabar de atender, mande-o entrar.
— Bom dia, Doutor!
— Bom dia, Guabiraba!
— Doutor, o senhor mora perto de agência de carro, acho que é no bairro de Lagoa Nova?
— Sim! Uma agência revendedora da marca Fiat, nas proximidades do conjunto residencial Roselândia.
— Doutor, em entrei lá! Estava agindo na minha silenciosa labuta, fazendo o meu arrastão residencial de costume. Era um pouco mais de meio dia, portão aberto e ninguém por perto. Adentrei por uma pequena sala e, olhando às paredes, vi, em uma delas, o retrato do senhor com o uniforme de médico. Olhei, olhei, o reconheci e dei meia volta. Fui afanar em outras praias.
Era, na verdade, o meu retrato de formatura afixado numa área que funcionava o escritório do meu sogro; só que a casa era vizinha à minha. Confirmei os dados com o detento amigo do alheio e agradeci muito pela consideração e pela amizade.
Lógico que a graciosa e considerável ação não ficaria só no agradecimento.
— Doutor, só pra terminar, quero lhe fazer um pedido, não entenda por pagamento: peça à polícia dar uma relaxada no fumacê lá dentro; sou asmático e só saio das crises tragando o “bagulho”.
— Puxa, Guabiraba! Aí o bicho pega!
Berilo de Castro – Médico e Escritor – berilodecastro@hotmail.com.br
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Kkkkkk carro que o Mecanico fez um gambiarra e ficou quebrado na volta. E Celso Matias. Você tem muitas histórias boas. Parabéns. E a carona de moto a João Machado kkkkkkk