Amaro Salles
Estamos vivendo os últimos dias de 2015. Não foi um ano fácil, mas, ao final, existe o saldo da persistência, do trabalho e da esperança. O pessimismo que, em alguns momentos foi maior que a crise, contagiou negócios e empresas ajudado, sobremodo, pelos frequentes desencontros e fatos negativos gerados a partir de Brasília. Todavia, quem persistiu, trabalhou firme, exercitou a criatividade, operou cortes profundos, mesmo onde não havia gordura a excluir, não foi completamente abatido. Se contar com tempos melhores, seguramente, se restabelecerá.
Por oportuno, a análise da CNI sobre 2015 bem retrata as adversidades enfrentadas, sobretudo, para a indústria: “em 2015, a Indústria atingirá menos de 20% do PIB, com a Transformação ficando em apenas um dígito (9,3%). As quedas do consumo das famílias (3,9%) e do investimento (15,5%) expressam a força da contração que atingiu a demanda interna, que se reduzirá em 5,6%. A retração do PIB foi amenizada pela contribuição positiva do setor externo, com um superávit comercial de US$ 18 bilhões, como resultado da mudança cambial e da recessão sobre as importações.”
É um grande equívoco não nos indignarmos com o desprestígio que sofre a indústria nacional. O desenvolvimento econômico exige uma indústria forte. A economia brasileira precisa de mais produtos de valor agregado, fato que depende de uma indústria inovadora e mais competitiva. Não podemos depender apenas da exportação de commodities para aquecer a balança comercial. A aposta precisa ser mais ousada, a exemplo de outros Países onde a indústria é mais representativa na composição do PIB. Dados de 2014, por exemplo, indicam que países como a China, Rússia e Índia que, com o Brasil, fazem o BRICS apresentam percentuais da indústria mais significativos. A indústria da China chegou a ter 42,6% de expressão no PIB daquele País em 2014. Portanto, mesmo não chegando a tais patamares, temos muito a crescer.
E os empreendedores industriais desejam, realmente, construir novas bases para o crescimento de suas empresas e, consequentemente, do Brasil. Sem empresas saudáveis, sem bons negócios, sem renda circulante, o País não sairá desta ou de qualquer outra crise. Para tanto, os Governos precisam prestigiar os segmentos produtivos e, neste contexto, valorizar a força produtiva e a capilaridade da indústria nacional. Ainda esperamos, em meio ao debate atual, que seja incluída a agenda do crescimento, considerando que no nosso campo de visão ainda está presente a esperança.
Aliás, semana do Natal, mês de dezembro, nada mais oportuno que resgatar a esperança. Para os cristãos a celebração do nascimento de Jesus Cristo é uma data de muito significado. Tanto é que nós todos, de alguma forma, somos tocados por algum dos sentimentos que permeiam o Natal. Se o espírito natalino, de fato, nos invadir, o bom contágio do otimismo, da fraternidade e da paz poderá ajudar 2016 a ser um ano melhor.
Amaro Sales – empresário e Presidente da FIERN
*Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna do Norte