Lá pras bandas da Serra do Teixeira, nas brenhas do sertão paraibano, a pequena Perdição testemunha o avanço da Revolução de 1930 que pôs fim a República Velha e conduziu Getúlio Vargas ao poder. Cidadezinha (a)típica do interior nordestino, com seus personagens mais (a)típicos ainda, Perdição tinha a peculiaridade de se manter em uma espécie de universo paralelo, envolvida por acontecimentos encharcados pelo realismo fantástico imaginado por Aldo Lopes de Araújo. O escritor compartilha a trama d”A Dançarina e o Coronel” (Edições Bagaço, 176 páginas, R$ 30) nesta quinta-feira, às 19h, na Livraria Saraiva do Midway Mall.
Autor do premiado “O Dia dos Cachorros”, romance que rendeu o Prêmio Câmara Cascudo de prosa em 2005, concedido pela Funcarte/Prefeitura de Natal, e elogios do saudoso Ariano Suassuna e do poeta e compositor Bráulio Tavares, Aldo Lopes criou sua nova história com apoio da Bolsa Funarte de Criação Literária 2010 – “A Dançarina e o Coronel” ficou entre os 60 projetos selecionados, entre os mais de dois mil inscritos de todo o país, e terminou no topo da lista das onze propostas contempladas na região Nordeste.
O enredo desta nova epopeia mágica vivida no sertão nordestino gira em torno dos artistas de um circo, que chega a cidade de Perdição um dia antes dela ser sitiada pelas forças oficiais da Revolução. Sem poder seguir viagem, o circo vê seu público minguar por falta de novidades. Ao longo desse período, que dura anos, além da eterna busca por recrutar novos talentos e testes de novos números, os artistas acabam envolvidos no cotidiano incomum de Perdição – em meio a crise do conflito, o circo se desfaz, personagens morrem, outros caem em desgraça, e a história toma outros rumos.