A devastação provocada pelo garimpo dobrou em apenas dez anos, passando de 99 mil hectares para 196 mil entre 2010 e 2021, segundo relatório divulgado pelo MapBiomas nesta terça-feira (27). A área equivale a quase 2 mil km² e é maior do que, por exemplo, a cidade de São Paulo, que tem 1,5 mil km².
O mesmo levantamento identificou que a mineração industrial passou de 86 mil hectares de área ocupada em 2001 dobrarem para os 170 mil hectares registrados em 2021.
Entre os estados do país, Pará e Mato Grosso foram os líderes em perda de floresta para mineração. Na Amazônia, a expansão garimpeira foi mais aguda entre unidades de conservação e territórios indígenas, como os Kayapó e Munduruku.
O rastreio, feito desde 1985, demonstrou que esse é o terceiro ano consecutivo no qual uma área maior do território é ocupada pelo garimpo do que pela mineração industrial, o que confirma a tendência observada até então. O único outro momento em que isso ocorreu foi no período entre 1989 e 2000.
“A série histórica mostra um crescimento ininterrupto do garimpo e um ritmo mais acentuado que a mineração industrial na última década, além de uma inequívoca tendência de concentração na Amazônia, onde se localizam 91,6% da área garimpada no Brasil em 2021”, explica Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento.
Enquanto a mineração é mais diversificada (incluindo minérios de ferro, alumínio, níquel e cobre), o garimpo é focado na obtenção de ouro e estanho.
Juntos, Pará e Mato Grosso representam 71,6% das áreas mineradas no país ao somar a mineração industrial e a atividade garimpeira. Considerando apenas o garimpo, o percentual sobe para 91,9%. São 113.777 hectares de garimpo no Pará e 59.624 hectares no Mato Grosso.
Quatro dos cinco municípios brasileiros com maior área de garimpo ficam no Pará: Itaituba (57.215 hectares), Jacareacanga (15.265 hectares), São Félix do Xingu (8.126 hectares) e Ourilândia do Norte (7.642 hectares). Em terceiro lugar ficou Peixoto do Azevedo, no Mato Grosso, com 11.221 hectares.
Um estudo da Rede Simex, formada por quatro instituições ambientais – Imazon, Idesam, Imaflora e ICV -, revelou que a extração de madeira ilegal nos territórios indígenas do Pará cresceu 11 vezes.
O levantamento apontou que a expansão garimpeira na Amazônia foi mais intensa em áreas protegidas, como territórios indígenas e Unidades de Conservação. Entre 2010 e 2021, as áreas de garimpo em terras indígenas cresceram 632%, ocupando quase 20 mil hectares no ano passado.
A terra indígena mais explorada foi a Kayapó, na qual 11.542 hectares foram tomados pelo garimpo até 2021. Em seguida vem o território Munduruku, com 4.743 hectares, a terra Yanomami, com 1.556 hectares, a Tenharim do Igarapé Preto, com 1.044 hectares, e o território Apyterewa, com 172 hectares.
A série histórica mostra que a área ocupada pelo garimpo em unidades de conservação até 2010 encontrava-se abaixo de 20 mil hectares. Em 2021, já eram quase 60 mil hectares, representando um aumento de 352%.
Quase dois terços ficam na Área de Proteção Ambiental do Tapajós, onde o garimpo já ocupa 43.266 hectares. Em segundo lugar está Flona do Amanã, com 5.400 hectares, seguida pela Flona do Crepori (1.686 hectares), a Parna do Rio Novo (1.637 hectares) e a Flona do Jamari (1.191 hectares).
Fonte: G1RN
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