AMOR À PÁTRIA –

Patriotismo é o sentimento de orgulho, amor e devoção à Pátria, aos seus símbolos (bandeira, hino , brasão, riquezas naturais e patrimoniais).

O militar presta serviços à Pátria, e, com o tempo, absorve os hábitos próprios da sua profissão. Acaba se identificando com o quartel, e jamais perderá o jeito de soldado, por mais que o tempo passe.

A influência das armas sobre os militares é tão forte, que eles se reconhecem na rua, mesmo quando vestidos á paisana.

Ao ver, na via pública, um oficial do Exército envergando um jaquetão ou um fraque, a impressão que se tem é de que falta alguma coisa à sua elegância. Por mais correto que ele esteja vestido nas suas roupas apuradas, lembra-nos, sempre, um tigre metido na pele de um urso, ou um leão enfiado, por modéstia, no couro de um elefante. Sentimos a força, a segurança e o respeito que eles impõem, perante a sociedade.

O rigor e o respeito que a farda militar impõe, mostram-se de modo mais acentuado perante os seus subordinados e cidadãos civis.

Absorvido pelo seu mundo de glória, o soldado revela-se em toda a parte e em todas as circunstâncias: no calor das palestras, na energia da vontade, na severidade da vida, na intransigência das atitudes, na disciplina do porte, e, até, ás vezes, no emprego do vocabulário empregado fora do quartel.

Pois bem. O caso do tenente José Porto Brasil é uma comprovação de que o militar guarda dentro do peito, como relíquia, os ensinamentos absorvidos na vida de quartel, A qualquer momento, poderá dar provas dessa verdade.

Militar elegante, bonito, bravo e decidido, o tenente José Porto Brasil utilizava os dias de serenidade da Pátria, passeando pela Avenida principal da capital, quando viu uma tarde, em certa casa de chá, uma bela mulher, que lhe fez acordar tocando alvorada, todos os clarins do coração. Ousado e destemido, pôs-se logo em atividade, para saber quem seria aquela linda criatura, que tanto mexeu com o seu coração. No dia seguinte, já sabia o suficiente para tentar atacar “aquela fortaleza”.

Ficou sabendo do endereço da mulher e se dirigiu até lá. A casa tinha muro alto e portão de ferro, controlado por um porteiro. O tenente viu o portão se abrir e sair um casal, que, segundo o porteiro, eram os donos da casa.

Decepcionado, ao ver que a bela mulher era casada com um homem alto, bonito e elegante, o tenente viu que era impossível atacar a “cobiçada fortaleza”.

No dia seguinte, por curiosidade, dirigiu-se, novamente, à residência da bela mulher, para se convencer de que, realmente, ela era casada com aquele cidadão. Chegou ao palacete, e, nervoso, tocou a sonora campainha. O silêncio era absoluto na casa, e ninguém atendeu. Duas, três, quatro vezes repetiu ele o sinal, mas inutilmente. Quando, desiludido, já batia em retirada, ouviu um chocalhar de corrente no portão. Voltou-se e viu o jardineiro, que abria a grade para dar passagem ao dono da casa, passando, de novo, a corrente no portão.

Atordoado pelo seu pensamento de aventura, e, não menos, pela consciência da sua superioridade de militar, o oficial não teve dúvidas: parou, deu meia volta, e marchou, firme, no rumo do cavalheiro que saíra de casa. Estacaram, pálidos, um diante do outro, dominados pela emoção.

– Que deseja o senhor? – perguntou, com a desconfiança estampada nos olhos, o marido da bela mulher..

Mão no revólver, disfarçando a tempestade que lhe invadia o coração, o tenente respondeu, com voz trêmula::

– A senha!.

E os dois soldados se abraçaram emocionados. Eram velhos amigos, do tempo de quartel, que a vida havia afastado.

 

 

 

 

 

 

 

Violante Pimentel – Escritora

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