A ANÁLISE DO FILME CISNE NEGRO –
Há um filme muito interessante lançado em 2010, durante a abertura do 67º Festival de Cinema de Veneza (nos Estados Unidos o filme estreou em dezembro de 2010 e no Brasil, apenas em 2011), chamado “Cisne Negro”, ou Black Swan no original, que trata da historia de uma personagem que é bailarina, Nina Sayers e que está às voltas com o desejo de encenar a famosa dança “O Lago dos Cisnes”.
A bailarina oficial de uma companhia nova-iorquina de balé fica impossibilitada de encenar a dança famosa, e o diretor artístico resolve então convidar Nina (a personagem principal) para o papel central. O filme pode ser considerado um drama psicológico, um thriller, com um enredo envolvente e angustiante.
O filme após sua estreia se tornou um sucesso de bilheteria. E muito já se falou do mesmo. Muitas análises, comentários e provavelmente até estudos mais aprofundados já foram feitos. Há espaço para isso. O drama narra a odisseia da personagem central em conseguir se firmar como uma bailarina que pode corresponder de fato a escolha feita pelo diretor, por seu nome.
Nina, a personagem é uma bailarina ambiciosa e tenciona fazer carreira e subir na profissão escolhida. No filme ela mora com a mãe, uma ex-bailarina aposentada, que se mostra desejosa de incentivá-la e parece mesmo corroborar com o desejo de sucesso da filha. Aliás, o desejo de sucesso da personagem parece ser mais desejado pela mãe do que pela própria filha, algo que não passou incólume a alguns críticos do filme.
Penso eu, que a análise do filme “Cisne Negro” (Black Swan, no original) já foi por demais debatido e explicado após a sua estreia, e isso sob vários vieses, o que podemos apontar sob o ponto de vista estético, psicológico, dramático e até sociológico.
Li algumas análises bem interessantes na época do lançamento. Análises com acuidade psicológica, ora enfatizando a relação conflituosa da personagem central, Nina, com a rival e também bailaria e que disputa com ela a preferência pela escolha do diretor, ora enfatizando a relação de Nina com sua mãe, numa busca desesperada pela perfeição artística.
Da minha parte, busco outro viés, que é pensar a personagem principal (a bailarina, Nina) como estando no limite entre a neurose e a psicose, um caso clássico talvez de borderline, em especial diante dos sintomas alucinatórios da mesma. Ou seja, do ponto de vista de um entendimento psicanalítico, em qual das estruturas psicopatológica a personagem poderia ser pensada?
Em que pese para alguns a dificuldade de situar claramente a personagem central em uma das estruturas com base na abordagem psicanalítica, me ocorreu que a dificuldade central da personagem, tão marcadamente nela, se revela na sua dificuldade de se posicionar como mulher, diante da dificuldade que ela encontra de se desvencilhar da relação aguda com uma mãe intrusiva, obsessiva, controladora, narcisista.
A meu ver, trata-se de uma relação fechada (mãe e filha) em que o passo para o encontro profissional e amoroso com o diretor no famoso “pas de deux” se encontra bloqueado ou mesmo foracluído. É um filme que vale a pena assistir.
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