A chanceler alemã Angela Merkel, que venceu as eleições legislativas de domingo (24) por uma margem apertada, começou nesta segunda-feira (25) a buscar aliados para formar o governo, uma missão complexa em um cenário político fragmentado pelo avanço da extrema-direita, segundo a France Presse.
Os principais líderes de seu partido, a conservadora União Cristã Democrata (CDU), reúnem-se nesta segunda para analisar os resultados das eleições, nas quais a formação obteve 33% dos votos, acordo com os números definitivos. “Uma vitória de pesadelo”, resume o jornal Bild.
Essas negociações podem durar meses. Porém, desde as primeiras eleições do pós-guerra (em 1949) até hoje, o partido vencedor sempre conseguiu formar maioria. Merkel já descartou a possibilidade de um governo minoritário. Se não conseguir formar uma nova coalizão, o governo pode convocar novas eleições.
A quarta vitória consecutiva de Merkel, que está no poder desde 2005, teve um gosto amargo. Seus aliados da União Social-Cristã (CSU) da Baviera, que desejam uma guinada de Merkel à direita, já apresentaram os primeiros sinais de contestação.
As eleições evidenciaram que parte do eleitorado conservador – um milhão de pessoas, de acordo com as pesquisas – votou no Alternativa para a Alemanha (AfD), um movimento de extrema-direita contrário ao islã, ao euro e à política de Merkel de receber os migrantes.
“Abandonamos nossa ala direita e agora temos que preencher este vazio com posições decididas”, disse o líder da CSU, Horst Seehofer, de acordo com a France Presse.
“Reina a consternação entre os conservadores e a principal responsável foi designada”, escreve o jornal de centro-esquerda “Süddeutsche Zeitung”.
O AfD obteve 12,6% dos votos após uma campanha particularmente agressiva, baseada no estilo do presidente americano, Donald Trump, e no dos partidários do Brexit na Grã-Bretanha.
A entrada da extrema-direita no Parlamento é um terremoto para um país cuja identidade desde o fim da Segunda Guerra Mundial foi construída com o arrependimento pelo nazismo e a rejeição ao extremismo.
Dentro do AfD, no entanto, também existem divisões. Uma de suas líderes, Frauke Petry, há poucos meses uma das principais figuras do movimento, surpreendeu nesta segunda-feira ao anunciar que não vai integrar a bancada parlamentar do partido.
Petry criticou um dos líderes do partido, Alexander Gauland, que logo depois das eleições declarou aberta a “caça” a Angela Merkel.
O Conselho Central dos Judeus considera que a entrada no Parlamento do partido – que deseja recuar no arrependimento ao nazismo – é o “maior desafio democrático desde 1949” para o país.
Mas os problemas de Merkel não terminam com o AfD. Formar um governo será uma tarefa complicada. Os social-democratas do SPD, com seu pior resultado em muitos anos (20,5% dos votos), decidiram abandonar a coalizão que formavam com a chanceler e passar à oposição.
Fonte: G1
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