ANTES DA LUZ ELÉTRICA, NOITES DE LUA NA SELVA ERAM NOITES DE CONTENTAMENTO – Luiz Serra

ANTES DA LUZ ELÉTRICA, NOITES DE LUA NA SELVA ERAM NOITES DE CONTENTAMENTO –

Pus-me a recordar meu arquivo dos anos 70, quando eu iniciava o serviço militar na FAB, na base do Rio de Janeiro. Por algumas semanas, estive em missão numa localidade na selva amazônica.

O lugarejo, a tribo, e demais corruptelas do entorno não eram providos nem de gerador. Altamira, à beira de um igarapé, sul do Pará, Xingu, passávamos acampados algumas noites sem gerador. As noites estreladas eram uma tela majestosa!

Noutra missão de apoio aos indígenas seguimos de avião anfíbio, quatro horas voando sobre a selva, após Belém, até o extremo setentrião brasileiro: Tiriós, aldeamento, onde ficamos por uma semana, apoiando a instalação de um posto da Funai.

Quanto aprendizado no foco primordial a consideração à natureza!

Era impressionante olhar para o céu com muito mais estrelas cintilantes; sem poluição, era uma tela colorida inestimável. A todo momento uma estrela cadente. Quando a lua era cheia, mais detalhes perceptíveis nos caminhos e nos lugares ribeirinhos, sem necessidade do uso da lanterna.

Lua cheia, festa na corruptela, regozijo na tribo!

Numa das entradas na selva, caminhada por uma manhã, íamos guiados por um índio mundurucu, reencontramos um barracão do antigo SPI (extinto Serviço de Proteção aos Índios) escondido na selva e reativamos um heliponto coberto de vegetação. Dois dias e uma noite, em que uma jaguatirica veio nos agradecer por a havermos libertado de uma armadilha. Um colega a apelidou de Fabiana!

Décadas após essa narrativa de Altamira, assistimos agora à construção da Usina de Belo Monte, na bacia do Xingu, nas proximidades de Altamira. A selva sendo aberta para o progresso.

Que parem por aí esses avanços irremediáveis, pois aqueles tempos de antanho, com menos civilização, víamos haver muito respeito aos mandamentos da natureza, à luz da lua, aos limites de aproximação com animais da selva.

Era como os então guerreiros mundurukus assim nos ensinavam.

 

 

Luiz SerraProfessor e escritor
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