ANA LUIZA

Ana Luíza Rabelo

A transformação dos costumes tem acontecido mais agilmente a cada dia. A evolução tecnológica, o fácil acesso à comunicação e a globalização permitem que alterações comportamentais se espalhem pelos continentes num piscar de olhos. Enquanto se levaria pouco mais de um ano para a disseminação de uma notícia importante (como no caso da abolição da escravatura no Brasil, cuja informação chegou à região Nordeste com cerca de treze meses de atraso), hoje trivialidades sobre a vida privada de celebridades chegam aos nossos ouvidos com impressionante rapidez. Nossa vida é marcada por “flashes”, notícias relâmpago e uniformização quase imediata de pessoas e situações ao redor do globo.

A tendência é que, em alguns poucos séculos, os cinco continentes sejam cópias uns dos outros, onde a cultura ancestral local será ignorada.

Toda essa variação comportamental interfere diretamente no nosso dia a dia.

Um exemplo prático, atual e que me salta aos olhos nesse momento é a relação aluno/professor. Há menos de três décadas, o professor era chamado de mestre e respeitado por dedicar sua vida à educação das jovens mentes. Há menos de duas décadas, o professor deixou de ser mestre, (catedrático, docente, educador) e passou a responder como ‘tio(a)’. Um tratamento familiar e caloroso. Hoje, o professor é chamado de você, é afrontado, desrespeitado e desautorizado dentro do seu reino, a sala de aulas. Hoje, o professor teme o aluno, que, muitas vezes, chantageia, calunia, agride e ofende aquele que consagra a vida para burilar o futuro da humanidade.

Um ditado tão longínquo quanto o termo “mestre” diz que “costume de casa vai à praça”. Eu prefiro descrer de tal afirmativa, por sentir-me diante da impossibilidade de considerar que certas crianças tratem os pais como tratam os professores. Tamanho desrespeito e atrevimento certamente não são aceitos em casa. Ou são?

O sentimento de repetição de padrões aflora quando, mais uma vez, me ponho a meditar como será o futuro do planeta e dos humanos, quando os pais não mais se preocupam em semear virtudes formadoras de um bom caráter e os professores temem se fazer ouvir diante de tanta violência moral e impunidade.

Existe até uma lenda que no Japão o único profissional que não se curva diante do imperador é o professor, em uma terra onde não há professores, não pode haver imperadores. A história não passa de um boato, o texto, porém é bem bacana, mas o professor, assim como qualquer outro profissional lá no Japão, se sente na obrigação de reverenciar (como um sinal de respeito) seu imperador.

Esse boato, porém, mostra que existe enorme respeito para com aqueles que nos guiam para nosso futuro profissional e nos auxiliam com gestos, palavras e com o seu conhecimento a tornar todos nós pessoas melhores.

Com um olhar apreensivo quanto ao nosso legado, faço um apelo emocionado para que os pais cultivem o respeito aos mestres deste país, respeito este que, com certeza, seus pais lhe ensinaram.
E como no último dia 15 comemora-se no Brasil o dia do professor, deixo esta homenagem àqueles que nos levam tão longe. Obrigada mestre!

Ana Luíza Rabelo – Escritora e advogada – ([email protected])

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