Segundo Ciocchi, essa falha deu origem a uma “série de outros pequenos eventos” que, na prática, levaram a uma desconexão do sistema integrado.
“A grande pista que foi discutida com técnicos, engenheiros e professores do setor é que aí está a causa de uma série de outros pequenos eventos que levaram à desconexão”, declarou em audiência na Câmara dos Deputados.
O equipamento em questão é um regulador de tensão, responsável por manter a constância do fornecimento. Segundo Ciocchi, o aparelho deveria ter um tempo de resposta de cerca de 15 a 20 milissegundos, mas o tempo foi maior, de 50 a 100 milissegundos.
“Não é que foi falha de informação [prestada pela empresa]. É que o [equipamento] testado, quando em funcionamento, não apresentou o desempenho exigido”, declarou.
Como resultado, as 26 unidades da Federação que compõem essa rede interligada passaram por instabilidade e queda de energia. A exceção foi Roraima, que ainda não está no Sistema Interligado Nacional e, por isso, passou ilesa pela pane elétrica.
Ainda no dia do apagão, o ONS já havia informado que o desligamento que atingiu as regiões Sudeste e Sul do país tinha sido uma “ação controlada” – ou seja, proposital – em resposta a uma falha identificada na região Nordeste.
Ou seja: o sistema tinha sido desarmado para evitar que um problema pontual se propagasse e acabasse danificando equipamentos por sobrecarga, por exemplo.
O apagão incluiu uma “separação elétrica” – na prática, foi como se as regiões Norte e Nordeste do país tivessem se desconectado das regiões Sul e Sudeste. Pelo menos 16 mil megawatts (MW) foram afetados.
Dessa forma, o Brasil foi separado em três regiões para evitar um “efeito dominó” no sistema de transmissão. Depois, o consumo foi desligado para reequilibrar o fornecimento de energia –uma que vez que o Nordeste, exportador de energia para as outras regiões, foi isolado.
Pelo menos 16 mil megawatts (MW) foram afetados. Isso representa 27% do consumo nacional de energia naquele momento.
Múltiplas investigações
No dia do apagão, em 15 de agosto, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, acionou o Ministério da Justiça, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para apurar o incidente.
Nesta terça-feira (29), Silveira afirmou que contatou as instituições porque havia recebido do ONS a informação de que “não havia nada objetivo que pudesse apontar questão técnica para a falha”.
Fonte: G1