APAGOU-SE O SOL: 100 ANOS DE RUI BARBOSA – Ney Lopes

APAGOU-SE O SOL: 100 ANOS DE RUI BARBOSA –

Hoje, 1° de março, um século da morte do baiano Rui Barbosa de Oliveira (1849-1923), árduo defensor do federalismo e do abolicionismo, jurista, advogado, diplomata, ensaísta, orador, político, tradutor e jornalista, tendo destaque em todas as áreas.

De seus 55 anos de vida pública, Ruy Barbosa passou 32 no Senado.

Na história da instituição foi o recordista com cinco mandatos, ao lado de José Sarney.

Fundador – Ruy Barbosa inaugurou o Senado da República (1890) e só o deixou em 1923, quando morreu.

Antes, no Império, havia sido deputado provincial e deputado geral.

Participou de todas as grandes questões de sua época, como a Campanha Abolicionista, a defesa da Federação, a própria fundação da República e a Campanha Civilista.

Maçom- Rui Barbosa era maçom.

Um ano depois do fim da escravidão, Rui Barbosa disse que “queria acabar com o nosso passado negro”, e queimou todos os documentos sobre escravidão que encontrou.

Academia – Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras (1897), ocupando a cadeira n.º 10, e seu presidente entre 1908 e 1919.

Propostas – O jornal carioca Gazeta de Notícias anunciou a morte de Rui Barbosa, com a manchete: “Apagou-se o sol. O maior dos brasileiros”.

Ainda hoje, as suas ideias e lutas pioneiras continuam presentes no Brasil.

Destacam-se a criação do Supremo Tribunal Federal como guardião da Constituição e a “recusa da proposta dos militares, que aspiravam o papel de Poder Moderador, desde aquela época.

Ele impetrou em 1892 o primeiro habeas corpus no STF contra as prisões de opositores do presidente Floriano Peixoto.

O pedido foi negado.

Militares – As oligarquias conduziam a política na Primeira República e os militares eram atores secundários, embora já aspirassem o comando do poder.

A entrada de militares diretamente na política foi em 1922, no movimento tenentista.

Questão social – Rui defendeu a democracia e direitos políticos, ainda que para um eleitorado que excluía do voto as mulheres, os analfabetos.

Tendo sido em duas vezes candidato à presidência da República, em 1919 no lançamento de sua campanha abordou a “A Questão Social e Política no Brasil”.

Na ocasião defendeu avançado plano de reforma social.

Foi apoiado por intelectuais, entre eles, Júlio Mesquita, fundador do “Estadão”.

Lançou as sementes do liberalismo social e democrático, afastando desde aquela época os equívocos neoliberais, que até hoje nada têm a ver com o verdadeiro liberalismo.

Plataforma – Rui propôs programa de reformas envolvendo: habitação para operários, o trabalho de menores de idade, as horas de trabalho, um auxílio a operárias mães, os acidentes de trabalho, um seguro para os trabalhadores, igualdade entre homens e mulheres no trabalho, criar um salário mínimo para os menores, redução ou veto ao trabalho noturno, trabalho em casa, s armazéns especiais para os trabalhadores.

Acreditava que o crescimento do Brasil passava, obrigatoriamente, pelo desenvolvimento científico e educacional.

Ditaduras – Ainda ao apresentar a sua plataforma de candidato à presidência declarou: “Rejeito doutrinas de poder arbitrário. Abomino ditaduras de todo o tipo, militares ou científicas, coroadas ou populares. Detesto estados de sítio, suspensões de garantias, razões de Estado e leis de segurança pública”

Haia I -Ele se destacou ainda como primeiro ministro da Fazenda, com sua posição modernizadora da economia.

Foi durante o governo de Afonso Pena, que Rui Barbosa alcançou a celebridade mundial, ao representar o Brasil na Conferência de Haia e defender a igualdade entre as nações, no debate sobre uma futura Corte Internacional de Justiça, o que lhe valeu o epíteto de “Águia de Haia.

Apoios – A persistente ação política de Rui Barbosa, aliada aos seus primorosos discursos, inspirou número crescente de brasileiras e brasileiros.

Brutalidade – Um fato deplorável aconteceu no último dia 8 de janeiro, quando golpistas enraivecidos “vandalizaram” em Salvador, na Bahia, um busto que o representava.

A pancada violenta de um instrumento cortante transformou-se em símbolo da brutalidade e uso da força, que o baiano sempre combateu.

Salve – Diante de todas esses circunstancias históricas, o perfil de Rui é o de quem enfrentou o terror.

Teve que exilar-se.

Voltou e venceu, pelo respeito que sempre despertou entre todos os brasileiros.

Salve o centenário de Rui Barbosa!

 

 

 

Ney Lopes – jornalista, advogado e ex-deputado federal, nl@neylopes.com.br

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