Após o Ministério Público do Rio Grande do Norte acionar a Justiça pedindo a imediata retirada de pacientes dos corredores do Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, o governo do estado reconheceu que a unidade de saúde está sobrecarregada desde o dia 19 de junho, mas afirmou que a solução para o problema não depende exclusivamente do estado.
Em nota publicada sobre o assunto na manhã desta sexta-feira (28), a Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte alegou que “a grande maioria dos pacientes” do maior hospital público do estado vem de municípios da Região Metropolitana de Natal e que muitos deles estão fora do perfil de atendimento da unidade.
“Muitos dos quais chegam ao hospital por demanda espontânea e com casos clínicos de baixa complexidade que fogem do perfil do Walfredo Gurgel, em virtude da falha na cobertura da rede ortopédica nesses municípios”, disse a Sesap.
Segundo o governo, a unidade de saúde é referência para casos de alta complexidade ortopédica.
“Como denotam os dados e informações, a situação episódica atual não se soluciona definitivamente por um esforço único da Sesap. Portanto, a Secretaria torna a destacar a necessidade de um trabalho dos municípios, dentro da lógica de cooperação que rege o SUS, na estruturação de serviços para baixa complexidade ortopédica, mantendo a capacidade do Walfredo Gurgel totalmente voltada aos atendimentos de alta complexidade“, diz a nota.
Segundo a Sesap e a direção do hospital, a sobrecarga atinge principalmente no setor de assistência ortopédica. Desde junho, o hospital realizou 585 procedimentos ortopédicos, em uma média de 20 por dia, diz a nota.
Ao mesmo tempo, segundo o governo, a Sesap ampliou o fluxo de unidades de retaguarda para cirurgias ortopédicas, como o Hospital Deoclécio Marques de Lucena, a Prontoclínica Paulo Gurgel e o Hospital Memorial, mas afirma que esses hospitais também estão atuando em capacidade máxima.
De acordo com o governo, a gestão estadual trabalha para melhoria na organização do trabalho, com um Time de Resposta Rápida (TRR) e Sala de Gestão de Alta (SGA), que resultaram em redução do tempo de avaliação e resposta para os pacientes.
Segundo o governo, a maior demanda de atendimentos no Walfredo Gurgel vem dos casos de queda da própria altura. Em sua maioria, os pacientes são idosos. Foram mais de 2,2 mil casos nos seis primeiros meses do ano, dos quais um em cada três tiveram necessidade de internação.
O hospital atendeu no primeiro semestre, em média, 1.475 pacientes de ortopedia por mês, sendo que 44% demandaram internação. Dentre eles, há uma média diária de 22 motociclistas acidentados.
No dia 11 deste mês, o MP havia acionado a Sesap, em audiência extrajudicial, para resolver o problema de superlotação no hospital, dando um prazo de 15 dias para a solução – data que se encerrou nesta quarta, de acordo com o órgão. Caso não houvesse solução, o caso seria judicializado.
Fonte: G1RN
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