O Hospital Mount Sinai, nos Estados Unidos, disse nessa sexta-feira (26) que está firmando parceria com o Instituto Butantan para fabricar uma vacina contra a Covid-19 em um sistema de licenciamento “royalty-free”.
O imunizante é o mesmo que a entidade de pesquisas ligada ao governo de São Paulo anunciou como a primeira vacina 100% brasileira. Durante o anúncio, o governo de São Paulo não fez menção ao hospital e a outros parceiros internacionais.
No fim da tarde desta sexta, o jornal “Folha de S. Paulo” revelou que o hospital afirma ser o dono da patente desse imunizante.
Em outubro do ano passado, o Portal G1 contou a história de 11 projetos brasileiros que já buscavam o desenvolvimento de vacinas nacionais. Na ocasião, apurou que o Butantan tinha quatro projetos em andamento e que o mais promissor era feito em parceria com a rede de hospitais Mount Sinai, nos Estados Unidos, com apoio do governo americano e da fundação Bill e Melinda Gates.
Parceiro em ‘nossa vacina’
Nesta sexta, por sua vez, o Mount Sinai divulgou nota na qual trata o Butantan como um parceiro. “É importante ter um fabricante de vacinas experiente, que saiba como conduzir testes clínicos e produzir/distribuir a vacina de forma eficaz. Estamos convencidos de que o Butantan é o parceiro certo para nossa vacina“, escreveu o hospital em nota enviada à TV Globo.
Em primeira nota divulgada após o posicionamento do hospital dos EUA, o Butantan disse que “o consórcio internacional tem um papel importantíssimo na concepção da tecnologia e no suporte técnico para o desenvolvimento do imunobiológico”, mas reafirmou que, no Brasil, o desenvolvedor da vacina é o Instituto Butantan.
O centro de pesquisas disse ainda que o hospital “não autorizou a divulgação de seu nome em comunicados oficiais do Butantan” e que “comunicados conjuntos serão feitos pelos integrantes do consórcio no momento oportuno”.
“A vacina, portanto, é brasileira e dos brasileiros”, disse o instituto.
Mais tarde, no final da noite desta sexta, o instituto enviou uma segunda nota. Nela, o Butantan diz que “firmou parceria e tem a licença de uso e exploração de parte da tecnologia” dos Estados Unidos e que a “a produção da ButanVac, primeira vacina brasileira contra o novo coronavírus, é 100% nacional”.
Pesquisas nos EUA
Em artigo de dezembro de 2020, a equipe do Departamento de Microbiologia da Faculdade Medicina do Mount Sinai já havia divulgado um artigo sobre os testes da vacina.
Ela utiliza a tecnologia da vacina da gripe. Com o vírus inativado da Doença de Newcastle, mas com a proteína Spike, estrutura do coronavírus que se liga aos receptores da células humanas para gerar a infecção.
Com a aplicação da vacina, os pacientes já conseguiriam gerar imunidade contra o Sars-CoV-2.
Em testes pré-clínicos, o imunizante apresentou uma capacidade de gerar anticorpos contra o coronavírus em camundongos. Os roedores receberam duas doses com o intervalo de duas semanas entre si.
O que diz o Butantan
Abaixo, veja íntegra da primeira nota divulgada pelo Butantan:
“O Instituto Butantan esclarece que a produção da ButanVac, primeira vacina brasileira contra o novo coronavírus, é 100% nacional, conforme anunciado na manhã desta sexta-feira, 26/3, em coletiva de imprensa. É importante ressaltar que a ButanVac é e será desenvolvida integralmente no país, e o consórcio internacional tem um papel importantíssimo na concepção da tecnologia e no suporte técnico para o desenvolvimento do imunobiológico, algo imprescindível para uma vacina segura e eficaz. No Brasil, o desenvolvedor da vacina é o Instituto Butantan. A vacina, portanto, é brasileira e dos brasileiros. A matéria publicada pela Folha de S. Paulo traz a comunicado não oficial de um pesquisador de instituição norte-americana. A instituição não autorizou a divulgação de seu nome em comunicados oficiais do Butantan sobre a nova vacina. Comunicados conjuntos serão feitos pelos integrantes do consórcio no momento oportuno, incluindo a instituição citada pela Folha. A vacina é do consórcio. A ButanVac é brasileira”.
Veja a segunda nota:
O Instituto Butantan esclarece que a produção da ButanVac, primeira vacina brasileira contra o novo coronavírus, será 100% nacional, conforme anunciado na manhã desta sexta-feira, 26/3, em coletiva de imprensa.
Para isso, firmou parceria e tem a licença de uso e exploração de parte da tecnologia, que foi desenvolvida pela Icahn School of Medicine do Hospital Mount Sinai de Nova Iorque, para obter o vírus. O uso dessa tecnologia é livre do pagamento de royalties (royalty free) e pode ser feito por qualquer instituição de pesquisa em qualquer parte do mundo. Isso foi adotado para essa tecnologia com o objetivo de acelerar o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus.
Contudo, não se tem uma vacina apenas com essa tecnologia de obtenção do vírus. Nesse ponto começa o desenvolvimento da vacina completamente com tecnologia do Butantan. Entre as etapas feitas totalmente por técnicas desenvolvidas pelo instituto paulista, estão a multiplicação do vírus, condições de cultivo, ingredientes, adaptação aos ovos, conservação, purificação, inativação do vírus, escalonamento de doses, estudos clínicos e regulatórios, além do registro.
É importante ressaltar que a ButanVac é e será desenvolvida integralmente no país, e o consórcio internacional tem um papel importantíssimo na concepção da tecnologia e no suporte técnico para o desenvolvimento do imunobiológico, algo imprescindível para uma vacina segura e eficaz.
No Brasil, o desenvolvedor da vacina é o Instituto Butantan. A vacina, portanto, é brasileira e dos brasileiros. A matéria publicada pela Folha de S. Paulo traz um comunicado não oficial de um pesquisador da instituição norte-americana. A instituição não havia autorizado a divulgação de seu nome em comunicados oficiais do Butantan sobre a nova vacina.
Comunicados conjuntos serão feitos pelos integrantes do consórcio no momento oportuno, incluindo a instituição citada pela Folha.
A vacina é do consórcio. A ButanVac é brasileira.
Fonte: G1